Seis poemas de Leonel Arão (Ditame)
Leonel Arão nasceu em 1987, na província de Inhambane; tem formação superior em literatura.
Já foi docente de língua francesa, no segundo ciclo do ensino secundário geral- na antiga Escola Secundária Estrela do Mar em Maputo.
Em 2012 trabalhou como auxiliar de pesquisa com a estudiosa portuguesa, doutora Bernard Costa, do Instituto Politécnico de Lisboa, num estudo sobre o estágio das associações da sociedade civil e do sector informal nos países da CPLP, uma pesquisa promovida pelo Centro de Estudos Africanos, Portugal.
Trabalhou como jornalista como jornalista radiofónico entre 2006-2008, na Rádio Progresso.
Colabora em jornais nacionais, publicando textos de crítica e recensões literárias.
Em 2013 lançou a obra de poesia "Ditame", editado pela Associação dos escritores moçambicanos.
I
Inferno
Do Caliginoso inferno,
Vem-me pesar e dor,
O medo reflui o esplendor,
Indeferem-se a mágoa e alma.
Na incrível oscilação visual,
A dor vem-me ao peito,
O susto desdoura-me,
Alhures assiste-me
O nepotismo aparatoso:
Rostos em alternância
Territorial e institucional
Eis a resignação do inferno!
II
A cor
Luz crepuscular
À assistência universal,
Chegam-me forças aspirativas,
O poente faz-se
Colorido fumegante,
Rios de cores alegres
E elegíacas elevam-se,
Sublinha-se o símbolo marxista,
Infortúnio!
O verde-esmeralda
Entreabre-se finurante;
No cárcere abissal
Nasce a esperança
De afeição colorida:
Fundamento de vida.
III
Liberdade
Abri os olhos à luz exterior,
Depois retornei à interioridade,
Aí vi o ar próprio da liberdade,
Libertando-se do despenhadeiro alcantilado;
Ficou-me o sentimento de autopertença
E nasceu-me o clarão espiritual:
Culteranismo!
IV
O Tempo
Aproveite as divícias circunstantes,
Pois, quando o sol dissolver-se estarão a morrer.
V
Alienando-se
Com a minha alma alienada entrarei
Para o campo de ostentação enrugada
E morrerei na mediana feição de alienar-me,
Pois esta existência apenas foi-me um acto de viver,
E por viver a morte cimentou-se entre as falas espirais
De alienação espiritual.
Em crescente geometria espacial
Realizo-me nas elevações planetárias;
Sem solo-pátrio, denoto-me entre lugares.
VI
Elegia Poética
Ao poeta Rui Knopfi
Ousados mortais, sepultados na tumba fustigante,
De feitos escondidos e ignorados na retina da inocência,
Pelos rios e terras arenosas vivificam-se espíritos profundos das vossas
Almas, ignorados vivos e mortos vivificados, eis a ironia crescente.
Ó velho, que não soubeste o valor que te acompanha!
Da tenebrosa existência esculpo ferozmente a tua grandeza
Nesta elegia que se sublinha no sangue das minhas veias.
Ó queridos eternos e confidentes transcendentes serenados,
Vinde à extraordinária sombra da minha respiração!
Das tímidas e loucas revelações só em ti encontro a plenitude do sossego;
Em ti renascem os verdadeiros toques da palavra no seu valor absoluto,
Dorme, dorme serenamente, homem dos homens!
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