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Mapiko: Uma manifestação cultural maconde que identifica Moçambique

Moçambique é um país conhecido pela sua imensa vastidão cultural, do Rovuma ao Maputo encontramos diversas realidades culturais, ligadas por um cordão umbilical chamado unidade. 
Viajando para a região norte do país, na província de Cabo-Delgado, encontramos uma dança muito comum entre o povo maconde,  o Mapiko. Apesar do seu papel para o incremento da cultura moçambicana, esta dança, poucas vezes (ou quase nunca) é reportada nos meios de comunicação social, fazendo que seja esquecida e pouco conhecida pela juventude.
Dança Mapiko
Na verdade, Mapiko é mais que uma dança, mas sim uma manifestação cultural tradicional que mistura música, dança, escultura e teatro. Mapiko é  rodeado de segredos e mistérios, carregados pelo dançarino sempre mascarado, que executa os movimentos consentidos pelo som dos batuques e das cantorias tradicionais.
Para o imaginário maconde, o dançarino mascarado está inteiramente ligado ao mundo espiritual e suas crenças, (conjuga o sobrenatural, espiritual e crenças).

A máscara e a dança, formam uma coreografia ritmada, transmitida pelo dançarino que se apresenta vestido com trajes convincentes coberto de objectos sonoros (chocalhos). Sendo acompanhado por vários batuqueiros, criadores dos seus próprios tambores que são feitos de madeira e cobertos de pele de animal.
As máscaras macondes, são cobiçadas  por muitos colecionadores de arte e se encontram expostas em vários museus da Europa e no país. São consideradas a melhor representação da arte da escultura em madeira, nativa moçambicana, feita pelos macondes.

As máscaras usadas para a execução do Mapiko, são esculpidas em madeira leve, pelos escultores ou homens mais velhos da aldeia. Geralmente são feitas no Mpolo, que é uma  pequena casa destinada para o efeito, longe de todos os olhares curiosos.
 Existem dois tipos de máscaras para dançar Mapiko, a facial (só cobre o rosto) e a capacete (que cobre toda a cabeça). Ambas as máscaras cumprem o seu papel de salvaguardar a identidade do dançarino.

Para dançar, o dançarino usa a máscara, de maneira a ficar com a cabeça tapada e com o rasgo da boca à altura dos olhos. À volta do pescoço, um pano colorido de seda tapa o bordo da máscara, conjugando uma indumentária complexa que procura esconder todo o corpo do dançarino, não permitindo revelar a sua identidade.

Mapiko é uma manifestação cultural, geralmente executada nas principais festas e cerimónias da aldeia, nos ritos de iniciação dos jovens e das mulheres, que têm por objectivo integrar o indivíduo no seu novo grupo social.
Dependendo da cerimónia  a máscara, pode representar figuras de animais (coelho, leão, cão, leopardo, hiena), como também pode representar uma figura humana, que simboliza o espírito de um defunto a ser invocado. Da cintura para cima todo corpo do dançarino fica coberto de guizos.

O elemento central do mapiko é o "lipiko", que é o dançarino principal, este deve estar, necessariamente, envolto em panos e mascarado com um determinado tipo de máscara. 
A dança inicia com o tocar do batuque, "likuti", e é acompanhada por um coro formado pela assistência, que se dispõe de modo a formar um corredor por onde deve passar o "lipiko". Na extremidade, surge o dançarino que, à grande velocidade, entra no recinto de dança e se atira contra o muro formado pela assistência, que recua assustada. O coro canta e dialoga, através de gestos, com o "lipiko".

As máscaras dos macondes traduzem os antigos usos, costumes, tradições e superstições. São de grande interesse etnográfico e revelam a identidade cultural do povo maconde.
Importa referir  que o nosso país, deverá submeter em breve uma candidatura, para que se considere o mapiko o Património Cultural Imaterial da Humanidade. Sendo esta, a forma encontrada  para salvaguardar a dança e música dos povos Maconde, que têm desempenhado um papel importante, na difusão da cultura moçambicana além fronteiras.





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