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Poeta que aprendeu no Desassossego


O nosso encontro foi no jardim Tunduru, cremos nós que não haveria um outro lugar nas curvas da cidade de Maputo, que seja tão poético, para entrevistar um poeta. Sentados naquelas cadeiras de jardim, a Massala Arte, entrevistou o poeta Luís Nhazilo. Embora não tenha a fama flutuando em suas mãos, o nosso poeta é cheio de sonhos, todos eles virados a uma única direcção “Poesia”. Tendo conhecido a escrita pela primeira vez através da obra Desassossego de Fernando Pessoa.  
Nasceu e passou toda sua infância na cidade de Matola, num pequeno bairro chamado “Bedene. O seu nascimento foi num dia 9 de Janeiro de 1997, pelo mês dá para crer que o sol instigava, impulsionando a existência do verão.
Luís Nhazilo, como é sobejamente conhecido e registado no seu bilhete de identidade, se mostra um jovem apaixonado pelas artes, principalmente pela poesia. A sua carreira poética começa em 2013 quando o pai oferece-lhe a obra desassossego de Fernando Pessoa. Neste instante a sua inclinação pela literatura cada vez mais se vigorava e viajava pela escrita do poeta fingidor (Fernando Pessoa). “ Quando o meu pai me deu a obra fiquei muito satisfeito, embora não tinha ainda o interesse em lê-la, entretanto, passado algum tempo, fiz um releitura e descobri algo diferente nela”, contou-nos Nhazilo. De tudo isso, a verdade é que o nosso entrevistado começou a gatinhar no mundo das letras através do Desassossego e daí foi navegando em outros mares, pesquisando pensamentos literários e viajando na escrita do poeta chileno
Pablo Neruda.
Apesar de ter despertado o interesse da arte poética em 2013, somente em 2015, Nhazilo leva a poesia a sério, quando redigiu um texto em homenagem a sua mãe. “ Esse texto, foi o meu primeiro, me maravilhou muito e até fez a minha mãe chorar”, lembrava-se.
Além de escrever, o nosso poeta também corre no mundo da declamação, no princípio declamava poemas de outros poetas, no entanto com o passar do tempo viu a necessidade de usar a sua voz para anunciar os seus próprios textos.  
Falando das suas referências no mundo da literatura o poeta “Momentâneo” como muitas vezes assina os seus textos em heteronímia, indiciou o Fernando Pessoa com o seu pilar para iniciar a vida literária. “ Eu tenho vários heterónimos, cada personagem usa seu método de escrever é neste sentido que tenho o Pessoa com pilar, porque ele é o mestre dos heterónimos”, explicava Nhazilo. Acrescentando que as suas personagens, diferentes das do Pessoa não eram fingidoras, segundo a fórmula da escrita Pessoana. Nhazilo guarda no seu arquivo, um vasto leque de outros nomes que usa para assinar seus textos, como por exemplo, poeta Sobrevivente, Mentiroso, Impossível e Experimentador
No seu cardápio de escritores e poetas de eleição, entra Paulina Chiziane, Mia Couto, José Craveirinha, Sangare Okapi, Poeta Militar entre outros. Para criar o seu próprio estilo de escrita Nhazilo segredou-nos que algumas vezes gosta de se aventurar na leitura de três obras ao mesmo tempo. “ Uma vez li Xigubo (José Craverinha), Varanda do Frangipani (Mia Couto) e Andorinhas (Paulina Chiziane), tive que tirar um pouco dos três escritores, sem que haja plágio, é daqui que começo a desenvolver a minha própria forma de escrever”, argumentava.
Para este ano de 2018, prevê lançar a sua primeira obra literária poética, denominada “ O nascer da morte”, estando nesse momento num processo de negociação com algumas editoras para o efeito.
A literatura moçambicana está  moribunda
Instamos o nosso entrevistado a dar o seu parecer sobre a literatura nacional, logo de antemão, afirmou que a mesma é moribunda. Nhazilo justificou a sua posição dizendo que desde o surgimento da literatura moçambicana, ainda não há a qualidade que nós buscamos, na escrita estrangeira. “ Temos bons poetas e escritores, mas há um tempero que falta, para termos a devida qualidade”, sublinhou. Tendo evidenciado o poeta Sangare Okapi, como um dos exemplos de qualidade literária desejada na nossa literatura.    


   

4 comentários:

  1. Viva a literatura moçambicana!!!!

    Gostei de estar aqui.

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  2. Muito bem, grato por nos levar a leitura de algumas vidas que compoem a nossa literatura, avante.

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  3. Maravilhoso saber das origens. Denego esta citacao "embora não tenha a fama flutuando em suas mãos" . Nao eh da fama que devemos esperar na escrita. obgd

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