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Dr. Valdez encanta espectadores


A irreverência do Dr. Valdez foi suficiente para encher o espaço Fernando Leite Couto, na noite desta quinta feira 25 de Janeiro de 2018. Com seu charme, bigode e suas esquisitas teorias médicas. O encenador Venâncio Calisto diz, não se tratar de uma peça didáctica e acreditamos que não seja, não entanto cremos  que “As Visitas do Dr. Valdez” foi uma aula prática   que demonstra existir em Moçambique, bom teatro e óptimos actores dotados de desmedida versatilidade. 

As grandes histórias, nascidas da literatura, são contadas e recontadas porque deixam sempre um vazio, quando esquecidas. Uma solução temporal é estas serem adaptadas
Peça teatral "As visitas do Dr. Valdez

 a conjectura teatral. Levar essas narrativas livrescas para os palcos, ir a além da leitura, transformar o leitor em espectador. Não é uma tarefa fácil principalmente quando estamos diante de uma obra literária de um dos melhores escritores nacionais, “ As Visitas do Dr. Valdez”, de João Paulo Borges Coelho.

O jovem encenador Venâncio Calisto, finalista do curso de teatro, no ramo de encenação e dramaturgia, viajou pela obra e descobriu nela uma grande eficiência teatral quase que inegável. Ressuscitou os personagens de João  Paulo Borges Coelho, que até então  estavam apenas  nas folhas do livro. A este cargo de representar, Calisto deu aos actores, Samuel Nhamatete, Sufaida Moiane e Eunice Mandlante respectivamente.

Tudo começa com o nascimento de Moçambique, quando os portugueses deixam o país e rumam para sua terra natal, depois de terem  concedido a independência. Durante este período de transição da escravidão para a liberdade, duas irmãs idosas nomeadamente, Sá Caetana, interpretada por Sufaida Moiane, Sá Amélia, por Eunice Mandlante, com seu empregado fiel, Vicente, representado por Samuel Nhamatete, deixam a sua terra e viajam para a Beira, deixando para trás um vida repleta de muitas recordações e uma infância triste e cheia de traumas.

Chegados ao destino, Sá Amélia vê-se destinada a viver cravada numa cadeira de rodas e com a saúde debilitada. Desse modo, Sá Caetana e Vicente, com toda a paciência que tinham cuidaram dela, embora não fosse de génio fácil.

Na casa onde moravam, o tempo passava e Sá Amélia se encontrava mais doente e isolava-se do mundo interior, se trancava no seu silêncio com saudades do  Dr. Valdez, um médico já falecido que ela nutria um genuíno amor. Como forma de preencher o vazio no coração da patroinha (Sá Amélia), Vicente aceita usar a mascara do Dr. Valdez e passar  a visita-la, combinada com a patroa grande (Sá Caetana). Desde o princípio  da farsa Amélia percebia que se tratava do seu empregado a fazer  o papel de Valdez, no entanto, ela fingia acreditar para não estragar o jogo, aproveitando-se da mesma situação para cobrar da irmã dívidas  passadas.

Durante a trama as visitas do Dr. Valdez tornam-se frequentes e são a desculpa para tudo. Amélia mesmo sabendo que tudo não passava de uma encenação se alegrava ao ver o amado. Tudo muda quando Vicente se cansa de fazer o papel de empregado fiel, de ceder os caprichos das patroas. Com o cansaço do empregado, vem a esperteza de Amélia e nesse instante há inversão de papéis. Sá Caetana com toda inveja que sentia da sua irmã acabou tomando o lugar dela despojada num cadeira de rodas e doentia e por sua vez Sá Amélia viu a sua saúde a resplandecer e assim se inverteram as vidas.

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