Poeta Louise Glück vence Prémio Nobel da Literatura
A poeta e ensaísta norte americana Louise Glück, é a vencedora do Prémio Nobel da Literatura 2020. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 8 de Outubro em Estocolmo (Suécia), pelo secretário permanente da Academia. A autora de 77 anos é uma das importante poetas norte-americana. Ao longo da sua carreira já amealhou outros prémios como o Pulitzer, National Book Award, Medalha Nacional, National Book Critics Circle Award, Prêmio Bollingen.
A Academia Sueca (Estocolmo) jusficou o galardão atribuído a Louise, por esta ter uma voz poética inconfundível, que com beleza austera, torna a existência individual universal.
Louise Glück numa entrevista divulgada na tarde desta Quinta-Feira, afirmou que a situação era bastante recente e não teve tempo de processar o acontecido. “É demasiado novo, não sei mesmo o que significa", sublinhou.
Apesar de ser umas das poetas mais conhecidas nos Estados Unidos, Glück estava afastada da via pública, neste sentido ela disse estar preocupada com o impacto que o prémio terá na sua vida diária e na daqueles que são próximos.
À nível geral Louise Glück é a 16ª mulher a vencer este principal prémio no meio literário, desde a sua criação, em 1901. Apesar dos Estados Unidos ser o segundo país com maior número de laureados, com 14 vencedores, Louise é a terceira mulher norte-americana a ser galardoada e a primeira poeta. Antes dela venceram Toni Morrison, em 1993, e Pearl S. Buck, em 1938, ambas romancistas.
O Prémio Nobel de Literatura, é um galardão literário sueco que é concedido anualmente, desde 1901, a um autor de qualquer país que, nas palavras da vontade do industrial sueco Alfred Nobel, produziu "no campo da literatura o trabalho mais notável em uma direção ideal".
O primeiro vencedor do Prémio Nobel em 1901, foi o escritor, poeta, ensaísta, diarista e filósofo francês Sully Prudhomme, que veio a falecer em 1907.
Nascida em Nova York, nos Estados Unidos, em 1943, ela estreou na literatura em 1968 com o livro Firstborn (Primogênito, em tradução livre) e logo passou a ser aclamada como uma das poetisas mais proeminentes da literatura contemporânea norte-americana.
Principais obras
Firstborn (Primogênito, em tradução livre) - 1968
The Triumph of Achilles (O Triunfo de Aquiles, em tradução livre) - 1985
Ararat - 1990
The Wild Iris - 1992
Vita Nova - 1999
Averno - 2006
Faithful and Virtuous Night (Noite fiel e virtuosa, em tradução livre) - 2014
Dois Poemas da Louise Glück
I
A íris selvagem
"No final do meu sofrimento
havia uma saída.
Me ouça bem: aquilo que você chama de morte
eu me recordo.
Mais acima, ruídos, ramos de um pinheiro se movendo.
Então, nada. O sol fraco
cintilando sobre a superfície seca.
É terrível sobreviver
como consciência,
enterrada na terra escura.
Então tudo acabou: aquilo que você teme,
se tornando
uma alma e incapaz
de falar, encerrando abruptamente, a terra dura
se inclinando um pouco. E o que pensei serem
pássaros lançando-se em arbustos baixos.
Você que não se lembra
da passagem de outro mundo
eu te digo poderia repetir: aquilo que
retorna do esquecimento retorna
para encontrar uma voz:
do centro de minha vida veio
uma vasta fonte, azul profundo
sombras na água do mar azul. "
II
Confissão
"Dizer eu não sinto medo –
Não seria honesto.
Sinto medo da doença, da humilhação.
Como todo mundo, tenho os meus sonhos.
Mas aprendi a escondê-los,
Para me proteger
Da realização: toda felicidade
Atrai a fúria das Sinas.
Elas são irmãs, selvagens –
No final, não há
Emoção, mas inveja."
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