Cinco Poemas de Phelelé Mulher Livro
Phelelé Mulher Livro é o pseudónimo de Félix Nicolau Pelembe. Um jovem emergente no mundo da escrita, é cronista, poeta e encontra-se a desenvolver o seu primeiro romance. É natural da Cidade de Maputo, morador da Vila Municipal da Macia, província de Gaza, é estudante de licenciatura em Ensino de Português na Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Letras e Ciências Sociais. Tem na poesia o seu refúgio e ainda zagaia para combater as desigualdades e as injustiças sociais, por isso, dedica-se, basicamente, à poesia realista.
I
Sheila Sandra
Sheila,
não imaginas tamanha vergonha que me persegue,
tampouco imaginas quanto espanto causei a essa gente inocente,
molhei-me bastante, já sou um rio ambulante.
Rio lágrimas literaturas que desaguam no Poder Literário
e um dos meus afluentes é a Leia Juventude no teu face.
“há gajos que prestam, aqui! Só emprestam!”
Wão! Aqui há génios,
emprestei o meu coração ao livro
agora as minhas veias arterianas se conectam à Sheila,
como não emprestar um sorriso dela?
“Roubaste o um –r- do meu sorriso, devolva-me”; Sheila
Sheila, o –r- do teu sorriso nem pesa um kilo,
Sheila, arrependa-te mulher!
Mulher, sempre terás peito, mas músculos não.
E esse peito será o meu leito no inverno russiano
E o meu leite fresco no verão africano.
O outro –r- do teu sorriso está ocupado,
arranquei-te!
não está ocupado nem a trabalhar,
mas está atarefado.
O –r- está a cumprir as minhas tarefas,
logo, logo estará às soltas…
Que a banda prepare as instrumentais…
Sheila,
a química dos nossos corpos
dará muito trabalho a esses físicos
já não falo dos Einisten’s…
Sheila, Sheila!
Madame loucura não é isto não!
Loucura é beijar-te em vão
teres vertido de noiva colorida a carvão.
Meus carros vão
te levar ao hotel da imaginação.
Sandra, qual é a sensação?
Meus caros, vocês sumirão
irão descansar, pois ainda é aurora de verão…
Sheila, seca-me, depois vamos casar no Irão.
II
Ode à poligamia
Em África a poligamia se tornou a tia relíquia
porque outros a maldizem como se fosse tio tirania.
Tiraram-nos a autonomia pela anarquia
até já nos emprestam a ereção, esses gajos têm mania.
Ode, ode aos frutos da poligamia:
- a partilha de recursos, muita excitação, baixa pobreza, distribuição da riqueza.
A baixa a exclusão social, a delinquência, injustiça social, filhos da monogamia
Tantos arranha-céus, luxos, saúde e riquezas congeladas na corte e na alta nobreza.
Ode, ode, viva a poligamia
que demostra no africano a audácia, inteligência e prudência.
Eh! O verdadeiro africano sabe que o colono também é a monogamia
arruinaram as nossas cidadelhas para uma paz de emergência.
Ode, ode vinte, quarenta seios na calada da noite para um homem,
Ode, ode cinquenta, cem filhos por homem.
Africanos, essas são as nossas raízes e historia não ignorem
Fitem o luxo que eles vivem, enquanto os outros morrem.
Muita violação de menores, mil e uma traições
Mil e um casamentos, mil divórcios já partiram corações.
Ode, ode, desfrutem dos frutos da poligamia
Gente endiplomada planta a pobreza e a verdade ninguém mia.
Ode, ode à minha tradição, ode, ode viva a poligamia!
III
Hinos da traição
E se judas não tivesse traído Cristo, o Salvador?
O que seria de Moçambique sem a traição de Salazar, aquele ditador?
Quital, África onde estarias sem a traição?
Ode, ode à traição!
Ode, ode avante a traição!
Moças, saiam, traiam, traiam esses miúdos que nunca se deram mal
moços, caiam, traiam, traiam essas miúdas paradas no vazio existencial.
Ode, ode, prossiga traição!
Ode, ode, canta os hinos da traição!
A traição é um mimo que cada ser deve viver uma vez na vida,
esses chifres de zagaia merecem ser usados à medida
em que o amor é muito bem cuidado, pois, existe a traição.
Quantos lares lindos se afundaram nas traições?
Quantas famílias sucedidas se fundaram nas lamentações?
Só tu não vês! Ode, ode à traição!
Ode, ode cantem os hinos da traição!
Preferem ser fiéis e asfixiarem a linda nação?
Que tolice! É muita credulidade acreditar em fantasmas
que em cada quinquénio melhoram a crueldade dos nossos problemas.
Danem-se! Zero ódio à tradição, ode, ode avante a traição!
IV
Viva a ousadia
Graças à ousadia surgiu a filosofia
graças a filosofia existe a mitologia.
Oh! Viva a ousadia!
Graças à ousadia hoje tenho liberdade
graças à ousadia curto a vida sem piedade
o futuro e o passado são sempre um presente
o passado e o futuro acontecem no presente.
Eh! Viva a minha ousadia!
A ousadia dos de ontem é muito celebrada
a cobardia hoje é desreguadamente desregrada.
Graças à cobardia desviveu o Cabo e a revolução
perece o Delgado, a justiça, a educação e a linda nação.
Oh! Viva a minha ousadia!
Graças a Deus não sou filho da cobardia
sou descendente da poligamia africana
e graças a ousadia tenho uma bela cigana
Ha ya! Viva a minha ousadia!
V
Suores de Mbagui
Mbagui, mbagui, outros fumam a erva até a Eva dizer Amém
mbagui, mbagui, dopa a juventude e não pensa em ir ao além.
Beto, Beto fuma mbagui e já ensinou os meninos da zona
esses judeus dos nossos tempos nem sequer ouvem a voz do Moisés.
Huma,huma nesse mundo drogado, fuja da morte que te corona
mas se não educam nem empregam essa juventude esperam que siga os passos de Moisés?
A música também recebeu a bênção messiânica de mbaguini
esses cantores comem fumo, fazem vídeos com mulheres de biquíni.
Muitos professores e poucos educadores nesta nova América,
muitos sorumáticos camuflados em políticos corruptos e poucos influenciadores,
jovens bebem, fumam, fumam mbagui, sorumam e abençoam a cidade com terrores
muitos cantores nos palcos e poucos artistas, por isso África é riqueza mas não é rica.
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