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Ernesto Moamba: "Minha poesia é de resgate da nossa cultura e tradição"

 Ernesto Moamba, é um jovem escritor e poeta moçambicano. Apesar de ser um artista em ascensão, o seu livro "Liberta-te Mãe África" já se encontra traduzido em quatro idiomas, e tem no currículo mais duas obras que circulam nas bibliotecas do mundo. Se não fosse escritor, seria artista plástico, mas quis o destino que Moamba desenhasse imagens em forma de palavras, ele sonha que a sua escrita sirva de terapia para os seus leitores, a sua escrita divaga pela liberdade e no resgate da cultura e tradição africana. 

Ernesto Moamba
Massala Arte (MA): Quem é Ernesto Moamba?
Ernesto Moamba (EM): É um jovem poeta e escritor moçambicano, nascido e residente na Cidade de Maputo num dos bairros mais destacados culturalmente, mas também temidos, ( risos ).

MA: Como foi a sua infância?
EM : ora, a minha infância foi igual como de outras crianças que também faziam parte da minha geração, embora para além de ter crescido no seio da família, nunca tive assim uma vida de príncipe, aquela rodeada de tudo que sempre quis. Passei a maior parte junto aos meus avós paternos no campo, lá no distrito da Manhiça, onde fora o carinho e afecto dos meus queridos avós também passei por momentos entulhados de revolta devido as condições que as vezes tinha de encarar. Mas hoje digo com todas palavras que estes momentos valeram apenas para minha formação, tanto como escritor assim como leitor.

MA: Como entra na literatura ?
EM: Para começar acho a questão uma autêntica provocação, mas respondendo os motivos são vários, aliás  um entulho. Tudo começa quando percebo que mesmo depois de tanta luta para o alcance da independência em alguns paises africanos e em especial no nosso país, o ocidente ainda guardava algum rancor e obsessão pelo nosso continente, que sugiro ser exemplo de uma resistência.

MA: Com quantos anos escreveu o seu primeiro texto. E de quê falava?
EM: Sinceramente, caso a memória não me escape em 2007 ou 2008. Na altura escrevia mais crónicas do que poesia e o meu primeiro texto falava da discriminação que a África até hoje é imposta.

MA: Quais os escritores moçambicanos que mais admira (podes dizer alguns internacionais).
EM: No fundo gosto e acompanho o trabalho quase de todos escribas moçambicanos sem retórica nenhuma. E quanto aos internacionais, os que destaco são: Kafka, Cruz e Souza, Conceição Evaristo, Rimbaud, entre outros.

MA: Se tivesse uma oportunidade para escrever uma obra literária com alguém. Quem escolheria?
EM: Sinceramente, com Deus! sou leitor assíduo deste Senhor. considero melhor escritor.

MA:  Se fosse para dar uma definição da sua poesia. Qual daria?
EM: Tenho dito que a minha poesia é de resgate da nossa cultura e tradição, que pelado anda esquecido neste continente.

MA: Qual é o teu maior sonho?
EM: Sou da idéia de que não existe maior sonho, porque todos são. O que para mim é maior é uma conquista. E o que tanto quero é fazer com que a minha escrita sirva de terapia.

MA: Na sua opinião como é que a arte pode servir de terapia neste período de distanciamento social?
EM:  Penso que esta questão é muito dispersa  no verdadeiro sentido da coisa,  mas se os artistas apostarem nos seus feitos é certo que podem usar e  transformar numa arma de grande porte.

MA: Quantos livros têm publicado? 
EM:  Tenho até então três livros publicados e duas antologias que assino como organizador.

MA: Se não fosse poeta e escritor, que outra arte escolheria?
EM: Artista plástico. Desde a infância gostava de desenhar e pintar.

MA: Quais são os teus projectos para o futuro?
EM:  Fazer Lançamento dos meus livros, que ainda não foram lançados cá em Moçambique por motivos da pandemia.

MA:  Como você se define como poeta e escritor?
EM:   Olha, não custumo responder isto por simples facto de ainda me considerar um embrião. Acho que ainda sou tão pequeno para me definir poeta ou escritor, confesso.

MA:   O que significa ser africano para ti 
EM: Ora ser africano para mim significa viver de acordo com os princípios da tradição, respeitando sempre os costumes e seus hábitos.

MA: Quando foi lançada a sua obra Liberta-te Mãe África, e está traduzida em quantas línguas?
 EM: O Liberta-te Mãe África foi lançado em 2016, no Brasil e Moçambique oficialmente. E graças a Deus encontra-se traduzido em  quatro línguas ( Português, Inglês, Espanhol e agora Italiano).


MA:  O que te faz ser o Ernesto Moamba que é Hoje?
EM:  Acredito que seja a missão que tenho com a literatura.

MA: Além de Liberta-te Mãe África, quais são as outras obras que tem publicado?
EM: Coelho fugitivo, Editora Folheando ( infanto juvenil), Liberáte Madre África, Editora Torcaza, O Continente e outras vozes silenciadas, Editora Folheando, Brasil.

MA: Depois da Covid-19, o que acha que vai mudar nas artes, principalmente na literatura?
EM:  Quero acreditar que tudo, mas principalmente a forma como os fazedores da literatura olham para o mundo da escrita ou seja, vamos verificar muitas melhorias no exercicio literário.
Para mim, este é o momento crucial para ler, escrever e fazer as pesquisas, no entanto o resultado será um pico e produtivo.



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