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A VISITA RELÂMPAGO (crónica )

Por:Guilherme Manuel Chaúque 
Numa tentativa de cair no sono, para pensar no quão é doloroso e caótico viver na pátria outrora chamada "Amada", veio-me o latido do meu cão vira-lata, que apelidei-o de "Wussiwana"( pobreza), este maldito designado melhor amigo do homem, é um dos meus grandes aliados, pois é com ele que caço as ratazanas para matar a fome. O meu cão ladrava violentamente na entrada da minha casa, até cheguei a pensar que talvez fossem crianças a roubarem as minhas goiabas e tangerinas, mas de repente levantei a minha cabeça para espreitar da minha janela de zinco, e ví que nenhum petiz tinha trepado a minha goiabeira, então decidi ir até ao meu portão. O cão insistintimente continuava a ladrar, pois admirava um homem o qual só estava acostumado a contempla-lo nas televisões moçambicanas, um "gajo", que nem se quer conhecia o nosso bairro, muito menos da existência dos viventes dessa zona. Abri o portão violentamente para ver quem estava a incomodar o meu Wussiwana, eis que o cidadão se identifica: Eu sou Eneas Runguane Muchanga, o cabeça-de-lista do partido "A Destruição do Povo"( DP), venho apresentar o meu manifesto ao senhor e ao seu cão, prometo que vou construir pontes, estradas, escolas e hospitais, e para que isso aconteça o senhor deve marcar X no meu partido PD no dia 10 de Outubro.
Aquelas promessas pareciam ser reais, mas política é política, e é bem sabido que este conhecimento é para enganar os distraídos, aqueles que esquecem todo o sofrimento, só por causa duma capulana que a cor desaparece logo na primeira lavagem ou uma camisete e boné, comprados com nosso dinheiro de impostos. Alimentamos partidos sem nos apercebermos.  Afinal que Deus vai salvar Moçambique destes enganadores?, que até desviaram todas as religiões, corromperam os profetas, televisões, e músicos para falarem bem deles. Corromperam todos menos o nosso grande músico Refilla Boy, que não se deixa vender, este sim, sabe rotular os políticos, por isso não foi convidado para actuar no &carnaval eleitoral&, provavelmente será banido de muitas televisões da praça.
Mas o que me deixou mais perplexo nas promessas do cabeça-de-lista, foi a ponte e a boa vida que prometeu proporcionar ao meu cão. O candidato insistia na construção da ponte, que eu acabei dizendo que na minha zona não havia nem se quer rio, mesmo a pouca água que bebemos é graças a boa vontade da natureza, que por vezes solta gotas, aquí nós adaptamo-nos a nossa pobre vida. Envergonhado o candidato tirou do seu bolso esquerdo 500mt e disse: vai comprar um saco de arroz, mas não esqueça de votar em mim, o seu voto conta.  O meu voto conta? Quem me dera que os políticos nos amassem tal e qual como no tempo das eleições, que até se deixam esfregar com o nosso suor.



Guilherme Manuel Chaúque

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