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Artista plástico entre o subúrbio


Quem se der tempo e andar pelas beiradas do bairro Polana Caniço “A”, na rua Gare de Mercadorias, por sorte encontarará Gilberto Muzilene, o artista plástico entre o subúrbio. Se não o encontrar na rua certamente, se visitares a sua galeria improvisada em sua casa o flagrarás sentado na sua cadeira de plástico criando arte.
Nas paredes da sua casa não há nenhum certificado que mostra a sua hegemonia, no entanto, ganhou o primeiro e segundo prémios do Fundo Nacional de Energia (FUNAE), no ano de 2012. No mesmo ano ganhou menção honrosa no festival Showesia. Além de artista plástico, viaja na percussão, guitarra, canto e banda desenhada.

Tudo começou na areia

O seu gosto pela arte começou, fazendo desenhos na areia no período da sua infância com seus amigos do bairro Polana caniço “A”, onde nasceu e mora actualmente. Contudo o tempo foi passando e o seu talento crescendo, Gilberto Muzilene, conhecido como Muzilene no seio artístico, ingressou na Escola Nacional de Artes Visuais (ENAV), formando-se em artes gráficas.

Antes de entrar na ENAV, segundo nos conta, apenas pintava sem conhecer devidamente, as técnicas. “ Depois de ter entrado na escola senti uma diferença a nível de técnicas, que antes de entrar na academia não as conhecia”, afirmou.

No processo da sua criação artística, Muzilene nos revelou as suas referências na arte, constando da sua lista, o mestre Malangatana, Victor Sousa, Idasse Tembe, samuel Djive e Van Gogh.

Emoção de quem gosta de “Batique”

Uma das técnicas que Gilberto Muzilene usa para dar vida a suas obras denomina-se “Mista”, que mais tarde ele veio a designar de, “Batique Sobre Tela”, segundo nos conta foi o pioneiro da mesma. “É uma técnica que até agora estou a desenvolver, estudo mecanismo de como evoluir na Batique Sobre Tela”, disse o nosso entrevistado.

Além de “ Batique Sobre Tela”, Muzilene, a cada dia que passa vai desenvolvendo novas técnicas, afirmando que os artistas não se conformam com uma única. O poder de criação deve estar no pensamento de todo artista, seguindo este princípio, o nosso artista reiterou que está a trabalhar numa nova forma de criar denominada “ Aguado no Aguado ou Molhado no Molhado”. “ Presumo que muitos artistas vão rir quando ouvirem essa técnica. Geralmente o artista pinta a tela sobre o cavalete, no entanto “ Aguado no aguado, o artista deve deitar a tela, como se esta fosse a própria terra, pinta tudo misturado no chão e só levanta, a tela depois da terra secar, para veres o resultado”, segredou-nos Muzilene.

Sempre despertou olhares

Para criar, o nosso artista se inspira no quotidiano, se aventura nos gestos das pessoas que deambulam nas ruas, principalmente no subúrbio, sendo este traço muito presente e forte nas suas criações, criatividade que lhe valeu a primeira exposição colectiva em 2013 com João Timane, que designava-se “ Despertando Olhares” na mediateca do Banco Comercial de Investimentos (BCI). Verdade ou não os olhares foram despertados, pois em 2015 no mesmo espaço Muzilene realiza a sua primeira individual intitulada Lhavutelo que em português quer dizer “Revelação”.

Das revelações anunciadas em 2015, dois anos depois (2017), Muzilene realiza uma exposição individual na Escola Portuguesa de Moçambique, apelidada de “ Nós e um Futuro Sustentável”, que visava alertar os alunos para importância da reutilização de materiais inutilizados e transformação do lixo em matéria-prima. “ Posso dizer que minha melhor exposição foi esta que realizei na escola Portuguesa de Moçambique, porque tive uma boa recepção por parte dos professores e alunos e me senti valorizado como artista ”, concluiu Muzilene.

E de reiterar que o nosso entrevistado tem participado em workshops e projectos artísticos, destacando-se a colecção “Crescente” do espaço Kulungwana.

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