“Comboio de Sal e Açúcar” em exibição no CCP-Beira: Uma viagem cinematográfica pela história de Moçambique
No dia 24 de Junho, às 15 horas, o Centro Cultural Português na Beira acolhe a exibição do aclamado filme Comboio de Sal e Açúcar, de Licínio Azevedo, no contexto das celebrações dos 50 anos da Independência de Moçambique. Mais do que uma sessão de cinema, este será um reencontro com a história, a dor e a resistência do povo moçambicano — contadas através da sétima arte.
Realizado por Licínio Azevedo, cineasta e escritor brasileiro radicado em Moçambique, Comboio de Sal e Açúcar é um retrato cinematográfico profundamente humano e intenso, baseado no romance homónimo do próprio autor. A narrativa conduz o espectador a um dos períodos mais marcantes da história recente do país: a década de 1980, durante a guerra civil.
Na época, enquanto o açúcar rareava nas zonas controladas pelo governo, o sal era abundante na costa. Assim surgiu o chamado "comboio do sal", que partia rumo ao Malawi com o objectivo de trocar o produto precioso por açúcar. A viagem de quase 700 quilómetros era, porém, tudo menos segura — marcada por emboscadas, sabotagens e o terror do conflito armado.
É nesse cenário que conhecemos Rosa, uma enfermeira corajosa, e o tenente Taiar, oficial encarregado da segurança da missão. Através do olhar destas personagens, o filme mergulha nas tensões da guerra, mas também nas relações humanas que florescem no meio do caos.
A produção é um exemplo de colaboração internacional, envolvendo Moçambique, Portugal, Brasil, África do Sul e França. Com um orçamento de cerca de 90 milhões de meticais, o projecto mobilizou mais de 70 técnicos e cerca de 300 figurantes. No elenco, destacam-se nomes como Melanie de Vales Rafael, Matamba Joaquim, Thiago Justino e Absalão Narduela.
Comboio de Sal e Açúcar tem vindo a ser aclamado além-fronteiras, com distinções em importantes festivais internacionais. Entre os prémios, contam-se Melhor Filme no Joburg Film Festival, Melhor Realizador e Melhor Guião no Festival de Cinema Africano de Khouribga, e a Pirâmide de Prata no Festival Internacional de Cinema do Cairo. Em 2017, o filme foi submetido como representante moçambicano ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
A exibição na Beira surge como um gesto simbólico: celebrar a independência através da arte, da memória e do poder do cinema. Um convite aberto ao público para revisitar o passado, reflectir o presente e projectar o futuro.
A entrada é gratuita, mas recomenda-se reserva antecipada.
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