Páginas

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Morreu a atriz moçambicana Filomena Remígio

Faleceu nesta segunda-feira 28 de Setembro, vítima de doença a actriz moçambicana,  Filomena Remígio, na província de Inhambane.

A actriz foi protagonista no filme "A herança da viúva", do realizador Sol de Carvalho. Pela sua excelente actuação ganhou o prémio de melhor actriz no festival da Linha da Frente e o prémio de representação no Festival de Vila Nova de Famalicão.

Filomena Remígio no filme Mabata Bata

Participou de outros filmes como, "O Jardim do Outro Homem", onde trabalhou com a atriz Gigiola Zacara e,  "Mabata Bata" outra produção de Sol de Carvalho, coube-lhe novamente o papel principal,  contracenou com Horácio Guiamba,  Esperança Naiene e Mário Mabjaia

O realizador Sol de Carvalho em jeito de homenagem e reconhecendo o talento da atriz, escreveu na sua conta do Facebook. "Nunca teve qualquer formação cinéfila, era uma atriz espontânea, cheia de talento natural. Foi uma honra tê-la tido nos meus filmes." 

Importa lembrar que atriz Filomena Remígio participou dos três filmes realizados por Sol de Carvalho, nomeadamente:  O Jardim do Outro Homem, A Herança da Viúva e, Mabata Bata. O que demonstra que o realizador reconhecia o talento de Remígio. 
Actualmente participava num grupo de canto e dança da cidade de Inhambane, província onde residia.

 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Criação de um acervo digital entre os desafios da Biblioteca Nacional de Moçambique

A Biblioteca Nacional de Moçambique (BNM), pretende digitalizar o seu acervo bibliográfico e, expandir a rede de bibliotecas por todo o país.  Esta vontade foi manifesta pelo Director da Biblioteca, João Fenhane, aquando da visita da Ministra da Cultura e Turismo, Edelvina Materula à aquela instituição.

A ideia é dotar a biblioteca de tecnologia, para que sejam os próprios recursos humanos internos a fazerem a digitalização e gestão do acervo digital. Para a realização deste objectivo Fenhane afirma que a BNM vai recorrer a fundos e recursos externos. 

No que concerne à expansão de bibliotecas públicas distritais por todo o país, o Director da BNM se dirigiu nos seguintes termos.
“Nós queriamos que em cada distrito existisse uma biblioteca pública distrital e que a posterior pudéssemos ter bibliotecas comunitárias, e atingíssemos os postos administrativos e localidades, porque o nosso país é vasto e este serviço de bliblioteca é muito importante”. 
Fenhane acrescentou que o projecto se encontra em implementação para sua posterior efectivação. 

Nos últimos tempos o edifício da BNM sofre com a intervenção do tempo e tem mostrado sinais de degradação, neste sentido além da criação da biblioteca virtual e expansão de bibliotecas, há um plano de reabilitação da emblemática infra-estrutura.
João  Fenhane diz que já se fez o levantamento das necessidades junto de parceiros, de modo a buscar-se recursos para salvar e salvaguardar este que é considerado património nacional.


Seis Pensamentos Revolucionários de Samora Machel

Samora Moisés Machel nasceu em Chilembene na província de Gaza à 29 de Setembro de 1933 e perdeu a vida em Mbuzini a 19 de Outubro de 1986. Samora Machel foi um militar, líder revolucionário de inspiração socialista, que liderou a Guerra da Independência de Moçambique e foi o primeiro presidente após a sua independência, de 1975 até à sua morte em 1986.

Carinhosamente conhecido como "Pai da Nação", morreu quando o avião em que regressava a Maputo se despenhou em território sul-africano.Em 1975-1976 foi-lhe atribuído o Prémio Lénine da Paz.

Samora Machel

I

"Não podemos construir a felicidade e o bem-estar do povo com malandros e criminosos."

II

"O colonialismo é um crime contra a humanidade...
Não há colonialismo humano
Não há colonialismo democrático
Não há colonialismo não explorador..."


III
"O dever de cada um de nós é dar tudo ao povo, sermos os últimos quando se trata de benefícios, primeiros quando se trata de sacrifícios. Isso é que é servir o povo."

IV
"As crianças são flores que nunca murcham."


V
"É necessário fazer da escola uma base para o povo tomar o poder."


VI
"Vão tentar nascer aqui em Moçambique capitalistas pretos, a chamada burguesia nacional. Não queremos isso aqui, não há lugar para exploradores aqui. Preto ou branco não pode explorar o povo. O dever de cada um de nós é dar tudo ao povo, sermos os últimos quando se trata de benefícios, primeiros quando se trata de sacrifícios. Isso é que é servir o povo."

"A corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, isto é, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares, amigos ou à gente da sua região fazem parte do sistema de vida que estamos a destruir."

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Cinco poemas de Malangatana

Malangatana Valente Ngwenya nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, 6 de junho de 1936 e morreu em Matosinhos (Portugal) em 5 de janeiro de 2011. Foi um artista plástico e poeta moçambicano, conhecido internacionalmente. Produziu trabalhos em vários suportes e meios, desde desenho, pintura, escultura, cerâmica, murais, poesia e música.

Leia a biografia detalhada de Malangatana clicando aqui

Malangatana
I
A CORUJA

A coruja agoira-me
e diz-me que nunca chegarei
além onde o desejo me leva
e assim evapora-se o sonho;

O tambor foi tocado
na noite densa do feitiço
enquanto Kokwana* Muhlonga
apitava o Kulungwana* mortal;

Na noite sem estrelas
dois gatos pretos iluminaram
a cabana da Kokwana Hehlise
que morreu depois dos gatos terem miado.

Eu lutando comigo só
é impossível vencer as ondas
que feitiçeiramente me esboçam
as corujas, gatos e tambores.

obra de Malangatana


II
EXPOSIÇÃO 

As negras das lagoas
fazem exposição
de quadros nús e tristes
com os próprios corpos as artistas
pintam no fundo da parede de caniço

É uma exposição permanente
e uma galeria de quadros humanos
que se vendem na galeria livre
uma galeria mais que pública
inaugurada pelo primeiro que chegou

Os quadros adquiridos
são pagos no quarto da negra
depois de oferecer a sua carne
e o adquiridor nunca leva o seu quadro
fica para o outro Paraquedista


obra de Malangatana

III
PENSAR ALTO

Sim
às marrabentas
às danças rituais
que nas madrugadas
criam o frenesi
quando os tambores e as flautas entram a fanfarrar

fanfarrando até o vermelho da madrugada fazer o solo sangrar
em contraste com o verdurar das canções dos pássaros
sobre o já verduzido manto das mangueiras
dos cajueiros prenhes
para em Dezembro seus rebentos
dançarem como mulheres sensualíssimas
em cada ramo do cajual da minha terra


mas, sim ao orgasmo
das mafurreiras
repletas de chiricos
das rolas ciosas pela simbiose que só a natureza sabe oferecer

mas sim
ao som estridente do kulunguana
das donzelas no zig-zague dos ritos
quando as gazelas tão belas
não suportam mais quarenta graus à sombra dos canhueiros em flor

enquanto as oleiras da aldeia, desta grande aldeia Moçambique
amassam o barro dos rios
para o pote feito ser o depositário
de todo o íntimo desse Povo que se não cala disputando
ecoosamente com os tambores do meu ontem antigo.


obra de Malangatana

IV
A MAMÃ PREOCUPADA

Nos teus braços eu fiquei
quando me nasceste muito preocupada
quem estava aflita
naquela altura perigosa
com o receio de que Deus me vai levar?

Tudo em silêncio olhava
para ver se o parto corria bem
tudo lavava as mãos
para poder receber quem vinha dos Céus
e toda a mulher quieta e aflita

Mas quando afastei-me
do lugar em que me guardaste durante longo tempo
dei logo o primeiro respiro
tu gritaste logo de alegria
o primeiro beijo foi o da Avó

Que levou-me logo para o lugar
que me guardaram e é secreto
tudo foi proibido a entrar no meu quarto
porque tudo cheirava mal
e eu todo fresco, fresco
respirava finalmente dentro das minhas fraldas

Mas a Avó que se supunha doida
estava sempre ao meu lado
ver-me e rever-me sempre
porque as moscas vinham ter comigo
e os mosquitos inquietavam-me
Deus que revia-me também
era o amigo da minha Avó velhinha


obra de Malangatana
V
AMOR VERDE

Porque o amor não é sempre verde
que bom quando verde é
nem quero que mudes de cor
ó amor verde, verde, verde
ele é tão bom, bom, bom

Na cama quando passei a primeira noite
senti-me feliz quando corria dentro dela
a lágrima que nos fez amigos infinitos
porque dela veio quem nos chama: Papá e Mamã
o nosso primeiro filho, tão lindo, lindo.



domingo, 27 de setembro de 2020

Fabula da Silva: "tocava latas e guitarras de fabrico caseiro aos 5 anos"


Por: Argola Isaque Argola

argolaisaque@gmail.com


Nasce na Zambézia, mas por algumas vicissitudes da vida reside actualmente na província de Tete, terra de gente prateada pelo calor que se faz sentir na região. Fabula da Silva como é sobejamente conhecido na arena musical, executa suas canções em português, echuwabo e algumas vezes em Nhúngue. Entrou na música tocando baterias de lata e guitarras caseiras aos 5 anos de idade, hoje canta ritmos musicais como Zouk, Afro e a sua música é mais badalada na região Centro e Norte do país

Fabula Silva

Massala Arte (MA) - Apresente-nos a origem do dono da voz que tem por nome Fabula da Silva!

Fabula Silva (FS) - Fabula da Silva nasce em Quelimane, província da Zambézia em 1988. No início, quando comecei a tocar em bandas usava muita a música cabo-verdiana e imitava os "Sáldicos". Passei por várias bandas musicais como, Banda Marrove, Banda Watana, Saldicos, Garimpeiros. Em 2004 toquei bateria por ocasião das eleições presidenciais quando o ex-presidente Armando Guebuza se candidatava pela primeira vez como chefe de Estado. O antigo Presidente da República visitava a província no âmbito de campanha eleitoral e em comícios que realizara.
Toquei em festivais alusivo ao dia da cidade de Quelimane, tive acompanhamento de algumas bandas. Actuei no quinto Festival Nacional de Cultura, em 2008 a representar a província e num dos festivais em Nampula.

MA - Desde quando está na arena musical?

FS - É difícil datar o início da minha carreira, pois a música está presente na minha vida desde menino. Faço música desde pequeno, tocava latas e guitarras de fabrico caseiro aos 5 anos. Aos 8 anos começo a tocar bateria. Aos 10 à 11 anos de idade fazia parte de bandas de renome actuando como baterista em Quelimane. Assim foi no campo musical, a música vem comigo da infância e nunca mais saiu de mim. Por isso, não tive um período específico de começo da minha carreira, posso dizer que o talento vem do berço.

MA - Pelo que nos conta é uma jornada muito longa. Até agora quantas músicas já gravou e disponibilizou ao público?

FS - Realmente é. Até agora são 5 músicas disponíveis ao público, isto porque durante muito tempo Fabula da Silva foi um artista dedicado a tocar ao vivo. Já actuei em Nampula, Quelimane, Tete e outros lugares e, geralmente uso mais a guitarra para fazer música ao vivo. Ao longo do tempo muita gente foi pedindo para eu gravar, diziam que tocava bem e fazia um belo trabalho. Lá para os anos de 2005 à 2006 gravei alguns trabalhos, mas por questões financeiras o estúdio onde entrava sentia que a qualidade que eu queria não era o que se produzia na altura, isto fazia com que produzisse e não disponibiliza-se ao público, por não ser um bom produto final em termos de qualidade. Agora com um pouco de possibilidade financeira que possuo para fazer um trabalho qualificado, começo a partilhar as primeiras músicas a partir de 2017. Gravo muito pouco porque meus trabalhos são muito longos o que me leva a ficar no estúdio, no mínimo, cinco meses ou mesmo oito para a finalização. Eis a razão de não lançar músicas com frequência.

Que tipo ou gênero musical faz?

FS - Dois ritmos compõem os meus temas, Zouk e Afro. Canto em português e em echuwabo. Fiz algumas músicas em nhúngue, porém são na maioria para campanhas ou intervenção para um programa específico. Por exemplo, quando há uma campanha de vacinação o serviço solicita-me para promover o evento.

MA - O que a música representa na sua vida?

FS - Ela não representa, faz parte de mim. Fabula da Silva sem música nunca existiu. Apesar de ter me formado na área nutricional, sempre em todo meu percurso a música fez parte. No decurso de 5 anos na formação para nutricionista, na UniLúrio em Nampula, toquei em todos eventos da Faculdade.

MA - Quando o assunto é músico e cantor há sempre controvérsia em torno. Sendo fazedor de música, como define esses conceitos a partir da sua vivência?

FS - Há muitas interpretações sim. No entanto, ser músico é praticar e executar uma funcionalidade na arena musical. É o indivíduo que pratica a arte da música. Em contrapartida, existem vários tipos de músicos, há aqueles que exercem a tarefa de cantar simplesmente, existem os instrumentistas que tocam e não cantam (pianistas, bateristas, percussionistas e outros.). Cantor pode ser considerado músico, só que o seu exercício na actuação é vocal. O músico cantor executa instrumento e canta. Sendo assim cantor é executante exclusivo da voz, enquanto que o músico é executor da voz e manuseia instrumentos.

MA - Com quem tem trabalhado na produção dos seus produtos?

FS - São diversos produtores com os quais tenho trabalhado. O estilo clássico que faço em Tete é um pouco difícil trabalhar por completo na região. Contudo, trabalho com a produção Mfamily, Niozick Pro, e Leonel pro. A música "Viver é Sonhar", lançada na sexta-feira 25 de Setembro conta com a produção de Leonel Pro, com o guitarrista Tito, residente em Maputo e com outros instrumentistas. A música que será disponibilizada depois desta está a cargo do Niozick Pro. Outras que lancei Mfamiy é que produziu. Faço essa mistura para não ter um trabalho monótono, mas sempre procurar diferenciar a produção.

MA - Qual é a experiência que leva consigo em ter trabalhado no período da pandemia, que ditou o encerramento de muitos estabelecimentos e afectou negativamente em muitas áreas?

FS - Posso considerar como um dos melhores momentos da minha carreira, porque consegui neste período desenvolver bastante na composição e aquisição de material para gravação, sobretudo quando a saída para o estúdio revelou-se complicada devido as medidas impostas pela pandemia. Gravo em casa a seguir envio para os produtores. Apesar de ser um ano em que não houve muitos espetáculos, foi uma fase de muita evolução no que concerne a aquisição de instrumentos musicais e a preparação vocal.


MA - Se pudesse presentear uma música a uma pessoa especial, que música faria e quem seria?

FS - Pessoas especiais em nossas vidas sempre existem, em algumas ocasiões, cada uma ocupa no seu lugar. Portanto, presentearia a minha mãe com a música ainda em processo de criação "Supadje" (carinho, afecto), e a minha esposa com a música que vinha gravando em Maputo desde o princípio do ano, que parou com a declaração do Estado de Emergência. Intitulada "Tempestade" que ainda não consegui tirar do estúdio, mas há esperança que irei tira-la ou irei regrava-la.

MA - Por detrás de um talentoso há sempre um outro "talentoso" que inspira. Qual é a sua inspiração e em quem se inspira?

FS - Sendo baterista, como instrumento principal na música, tive várias inspirações tanto nacionais e internacionais. Uma das nacionais é o Django, baterista da banda Sáldicos da província da Zambézia e Grece Evora como figura internacional. No entanto tenho influência do Ney Gany, vocalista da banda Garimpeiros também da Zambézia. Ele encanta-me bastante nas suas técnicas vocais. Quanto a inspiração para composição, parte da Bíblia de acordo com o que aprendo na cristandade sobre a pessoa de Deus e o que vivemos na sociedade dia-a-dia.

MA - Como interveniente activo no combate aos problemas que assolam a sociedade, exemplo como o terrorismo no país, violências contra mulher, violação dos direitos humanos entre outros males, que olhar lança para tais factos?

FS - É sempre um olhar crítico. A música que canto "Moçambique minha terra" fala que temos a riqueza, tudo para dar certo e temos tudo para sermos um país próspero, por isso não queremos guerras, nada de conflitos. Ainda não escrevi um tema específico sobre aquilo que está a acontecer, mas nas próximas penso em escrever a respeito pois são acontecimentos que abalam o bem-estar. Como artista nos é dada a responsabilidade de intervir cantando para que isso chegue ao mais alto nível e tenha possíveis soluções.

MA - Que análise faz da música feita actualmente por muitos jovens?

FS - Houve tempos em que a música era carregada com mensagens, muita instrumentalização e dava vontade de ouvir. Eu por exemplo, escuto música para ouvir a execução dos instrumentos, o que se faz em termos de toques. Nos últimos tempos houve muita proliferação e muitas mensagens não educativas e sem impacto. Precisamos recuar e escrever para educar as pessoas, transformar vidas e não apenas fazer música por fazer. Partilho a opinião de que precisamos melhorar muito nas mensagens para garantir que, as pessoas encontrem nelas o seu quotidiano, de modo a servir de mudança e alteração da situação.


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Fabula Silva estreia "Viver é Sonhar"

O cantor e compositor moçambicano Fabula Silva estreia esta sexta-feita 25 de Setembro a sua mais recente música "Viver é Sonhar". Trata -se de uma obra musical que nos faz reflectir sobre os sonhos e a vida.
Fabula escolheu estreiar "Viver é Sonhar" no feriado pelo facto de muitas pessoas estarem em casa e terem maior disponibilidade para ouvir a música.
Segudo o artista "Viver é sonhar", "é um tema onde tento transmitir muitas coisas que vivi ao longo dos anos e sinto que não consegui. Com isso pretendo mostrar que a nossa vida não pode se basear naquilo que os outros pensam ou o que estamos a passar no momento".

Fabula Silva
"Viver é Sonhar" nos leva a acreditar nos nossos sonhos, nunca desistir do que almejamos como o próprio artista diz, "podemos estar em situação difícil hoje e achar que estamos derrotados, porém o amanhã ninguém sabe. Por isso viver é sonhar, como fui sonhando em ser cantor e estou aqui a cantar. Fui estudante sonhando em ser profissional e sou".

"Viver é Sonhar" é uma música que vai desconstruir alguns estereótipos sociais ligados a pobreza. Não se pode olhar para um pobre e pensar que ele estará naquela situação por toda vida, um dia ele pode estar num outro patamar.
Para Fabula o importante é não desistir dos sonhos, "é fundamental saber que a vida é um sonho e, se temos um sonho ou um plano temos de seguir sem  parar pelo que os outros acham. Por mais que a vida pareça estar esgotada é preciso ter esperança que pode reverter tudo em vitória no futuro".

Esta será a sexta música divulgada pelo artista, sendo que a última foi em Março com o título "Sai Corona", elaborada no âmbito da pandemia da Covid-19.
A música será estreada no ZB Chanel On com a presença do músico. Em um dois canais de televisão online em Tete, no Facebook e YouTube por volta das 17h. A partir das 20h será compartilhada em dois links um das músicas zambezianas e outro da Lurde Joma um canal que disponibiliza músicas em Tete em formato para download. A mesma levou quatro meses para o seu acabamento.
Fabula Silva é um cantor moçambicano de origem Zambeziana e actualmente reside na província de Tete onde se dedica a carreira musical.

domingo, 20 de setembro de 2020

Mauro Pinto expõe Blackmoney em Lisboa

O fotógrafo moçambicano Mauro Pinto expõe "Blackmoney
em Lisboa. Trata-se de uma série de fotografias que retrata a vida nas minas da província de Tete. Em preto e branco Mauro Pinto, destaca em imagens expressivas e emotivas, os mineiros, as condições de trabalho que esses são submetidos durante o seu exercício laboral.


Mauro Pinto foi um dos artistas moçambicanos selecionados para a Bienal de Veneza em 2018 e Vencedor do prémio BES PHOTO 2012.
No final dos anos 90 fez um curso de fotografia pela Monitor Internacional School e, na mesma altura, um estágio com o fotógrafo José Machado. 
Das exposições individuais destacam-se: 2015, Palácio Cadavel, Évora e 2004, Centro Cultural Franco-Moçambicano, Moçambique. Das colectivas: 2014, Galeria 111 Lisboa e Porto e 2013, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa e Paris.

De Blackmoney abriu neste sábado 19 de Setembro em Lisboa e vai até o próximo dia 9 de Novembro do ano em curso.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

16 anos sem Avelino Mondlane " Roberto Carlos" moçambicano

Em todo seu esplendor, as músicas de Avelino Mondlane são caracterizadas por percorrerem os caminhos do amor, perdão, carinho e do afecto. Esse rumo musical, fez com que ele se diferenciasse dos seus colegas, que cantavam sobre os problemas sociais e políticos, que o país enfrentava.

Avelino Mondlane no seu estilo característico, sempre usava uma gravata e blaiser em suas apresentações e colocava a sua marca com o cantor do romantismo.
Por causa da sua veia romântica, ficou conhecido nos meandros musicais como "Roberto Carlos" moçambicano.

Avelino Mondlane

Embora mais conhecido como músico, Avelino iniciou a sua carreira como dançarino em 1973. Fez parte do grupo “Os Mesmos”, tendo depois passado para a banda “Surpresas” e com esta última viria a gravar o tema “Ngwendza”, que serviu de pretexto para a sua afirmação no panorama musical.

Anos mais tarde, começa a executar alguns instrumentos musicais, destacando-se na guitarra. É nesta fase que começa a criar as suas próprias composições procurando uma afinação mais romântica.
Avelino Mondlane vendeu cinquenta mil cópias do seu primeiro álbum e vinte mil do segundo, o que significou um absoluto sucesso de vendas na época. 

Na edição 2003 do "Ngoma Moçambique", Mondlane foi o artista mais votado pelo público na categoria da "música mais popular". Este facto mostrou o interesse que o público tinha de consumir sua música, as letras e afinação romântica eram bem aceites pelos seus admiradores.

Avelino Mondlane, executava suas canções com alma e delicadeza, sempre que subisse ao palco apresentava uma expressão de dor e nostalgia, roubando até lágrimas da platéia e sempre que podia associava seus passos de bailarino com o seu romantismo, criando passos incomuns que davam um ar diferentes à suas apresentações.
 
Nas suas composições, Avelino Mondlane privilegiava o amor entre homem e mulher, entre pais e filhos, a beleza, a família. 
Na sua música "Amutxai", ele canta um amor não correspondido pelos pais da rapariga, pelo facto dele ser um cantor, alegam eles que o mesmo não pode dar uma vida boa a filha uma vez que ele passa tempo a cantar e tocar viola.

Em " "A Lirandzo a Vachavhi e Mali (amor não se compra com dinheiro), Mondlane nos faz ver que o dinheiro pode comprar tudo, menos o amor, para Avelino Mondlane este sentimento é genuíno, dinheiro nenhum compra.
"Hanya hi lirandzo", esta música é um apelo romântico para que os homens vivam em harmonia e amor com suas esposas, com ele diz na música "A Awansati Avabi,  Awansati e xiluva" (Mulher não se bate, mulher é uma flor).

 Avelino Mondlane cantam outras canções de sucesso como “Nakuranda”, “Nacurivalela”, “Uniukuele”, “Akufa Kuyetlela”, “Alirandzo Avachavi”, “Hinga Holovi, “Raci”, “Pswilo pswa Misava” e “Hanya Hi Lirandradro”, "Swilo Swa Missava", “Mamane na Bhava entre outras.

As composições eram escritas pelo próprio punho do artista, no palco fazia-se acompanhar pela banda “Central Line” do baixista Humbe Benedito, seu produtor.

Quando se preparava para entrar em estúdio para gravar mais um álbum musical, em 15 de Setembro de 2004, com 45 anos de idade, Avelino Mondlane morre vítima de Malária.
A notícia da sua prematura morte, causou muito espanto aos seus admiradores, ao longo dos tempos homenagens foram feitas para dignificar o artista. 
 
Avelino Mondlane Avelino Mondlane nasceu no bairro Mavalane arredores de Maputo, a 3 de Fevereiro de 1959, faria este ano 61 anos de idade.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Marcus Harris: "Eu estive rodeado de maior riqueza da humanidade"

Por: Argola Isaque Argola
argolaisaque@gmail.com

Apesar de ser um artista do mundo e estar a residir em Lisboa  (Portugal) o cantor e compositor Marcus Harris, não esquece as suas raízes, a sua Zambézia pulsa em seu peito aonde ele estiver. Harris além da música navega na literatura e tem no forno duas obras para serem lançadas em breve,  um grande fascínio pelas artes plásticas. 
No âmbito da sua nova direcção na carreira profissional, a Massala Arte entrevistou este artista  de inúmeras diversidades culturais, Marcus Harris abriu-nos as portas da sua alma e falou-nos dos seus projectos e pretensões no mundo da arte.


Marcus Harris (Foto do Facebook)

Massala Arte (MA)- Quem é Marcus Harris? 

Marcus Harris (MH)- Marcus Harris é um cantor e escritor zambeziano que carrega Moçambique por onde vai. É de inacabáveis viagens na diáspora, mas com o coração e pés firmes sempre na terra que nasceu. Desde 14 de julho de 1973, ano que nasci, sou Moçambique representando a cultura.


MA - Quando é que que começa a cantar?

MH - A música faz parte do meu nascimento. Testemunhou a minha vinda ao mundo. Digo isso porque estive rodeado de uma família composta por cantores, amantes de letras e artes. Ela revitalizou o dom em mim. Se não era em casa que cantávamos era na igreja onde minhas tias lideravam as canções das missas, e aos ensaios eu era levado para lá, razão a qual afirmo que ela foi grande potencial na minha carreira musical.


MA- Um artista que nasceu no meio de artistas. Conta-nos dos seus momentos marcantes na actuação como cantor!

MH - São inúmeros. Mas vou me deter a dois. O primeiro na escola de Frankfurt, na Alemanha em 1995, quando fui convidado a gravar um CD num estúdio empilhado de "rapre's". Na minha chegada fui recebido por um caloroso abraço de Sizzla cujo sua saudação e elogio pela minha actuação no palco e a forma interventiva com conteúdos sociais, mexeu comigo. A partir daquele instante senti um arrepio de uma carreira sólida que conjugaria minha vida de cantar.

Outro evento foi em 2009 na Itália num concerto musical que concentrou vários artistas do mundo, onde ganhei como melhor na actuação em performance e articulação. Tive a atenção do fundador dos The Wailers Peter Tosh. The Wailers, grupo de cantares, tinha como figuras principais Peter Tosh e Bob Marley.



MA - Quem muito lhe inspira na música?

MH - A minha tia Astra Harris. Ela teve um tom impactante na minha vida. Tem outras figuras como Ras Kareka, Ras Skunk, Baba Harris, Azagaia, Ras Soto e Axikunda Materula, artistas que o seu estilo de música é de intervenção social. E a maior parte dos músicos clássicos.




MA - Estamos diante de uma situação pandémica que exige uma responsabilidade de cada um. Quais são as actividades desenvolvidas por si, para evitar a propagação massiva e rápida do vírus tanto no seu bairro como na sua cidade?

MH - A minha agenda desde 2019 a 2020 marquei para ficar livre de qualquer actuação musical, o que ajudou bastante na criação de tempo para ajudar os residentes na divulgação de mensagens para prevenção do novo Coronavírus. Saí para os bairros, às ruas a sensibilizar os mais novos, a faixa etária mais vulnerável, a não ficaram muito expostos em lugares públicos e a evitar o máximo possível as aglomerações. Com outros artistas juntamo-nos em pequenos grupos para pedir ao público maior disciplina através de músicas apelativas de modo a preservarmos a vida humana por meio da obediência das medidas de prevenção emanadas pelas autoridades de saúde e outras individualidades.




MA - Dois anos sem projectos para cantar ao público é bastante tempo. Em o quê está a trabalhar?

MH - Neste momento estou a dedicar-me a literatura. Tenho duas obras em andamento e tenho investido o tempo para terminar as mesmas. Uma tem o título "O beijo da concubina" que acontece em dois espaços geográficos, Cidade de Maputo e Belo Horizonte. É um pouco da história da nossa sociedade moçambicana. O beijo é dado a um solteiro pela uma mulher casada. A outra obra é "O erguer da criança moçambicana" um retrato de dilemas, vivências do nosso país. A minha escrita está mais voltada para a crítica construtiva com enfoque a política, a governação, a cumplicidade da sociedade em actos insanos dos dirigentes, a violação de direitos humanos entre outros temas presentes na nossa amada pátria.




MA - De cantor para escritor, como nasce o ser escritor em si?

MH - Eu estive rodeado de maior riqueza da humanidade. A cultura pela literatura em nossa casa era obrigatória e, havia uma biblioteca com inúmeros livros de prosas, romances, contos, etc. O falecido escritor Eduardo White que casara com a minha prima, um companheiro indescritível, alimentou a minha paixão pela escrita. Fernando Pessoa que, quase tinhamos todas as obras literárias dele, também serviu de uma "baliza" para marcar meus golos de letras nos papéis. Muitos e outros autores moçambicanos e além fronteiras fizeram parte do meu quotidiano.




MA - Esta diversidade cultural leva-nos a considerar-lhe artista de fundo que pinta às cores qualquer arte. Para já, em que área se concentra a sua inspiração artística?

MH - Artes plásticas. Sou fascinado pelas pinturas, as imagens, as cores, o representado em telas. Isso porque, para eu representar o meu pensamento desenho primeiro em mente, para produzir a letra de uma música desenho antes em uma tela imaginária, para escrever o texto há um quadro presente que precisa ser pintado para dar vida as letras e represento toda minha vida em artes plásticas, elas dão-me equilíbrio emocional e espiritual.




MA - Se tudo que faz primeiro pinta, quantos quadros já pintou e publicou?

MH - Tenho muita admiração pelos artistas plásticos. A forma que costuram as informações na tela, a mistura das cores para dizerem o que pretendem transmitir para o público. Minhas peças só ajudam-me a representar o espiritual em realidade. Daí que nunca publiquei os quadros. Fico desafiado e acho-me menor diante dos gigantes de peças plásticas. Eis o receio de apenas as armazenar em meus aposentos.




MA - Marcus Harris é ousado em desafiar-se diante dos classificados aos melhores da música e escrita, mas se diminui face aos artistas plásticos. Que sentimento é este?

MH - É outra arte que não partilho, mas a sua ousadia tocou o meu espírito de poder falar sem barreiras e livre. Falo da arte da meditação a qual me dedico a bastante tempo. Na medida que desenho contemplo quem eu sou. E o meu objectivo é mostrar a pluralidade cultural em mim, não a singularidade. A meditação é bisbilhotar minha vivência. Nela acho calmaria e a serenidade. Consigo acalmar minhas dores, tranquilizar minha alma. Horas e horas cruzo comigo por todas as partes da Europa que viajei. Relembro a recepção inimaginável da cultura em Tóquio, a cidade com uma realidade tecnológica bem avançada, as memórias do primeiro Samurai africano. Sou levado ao convívio de gentes inesquecíveis de Cape Town, Cidade do Cabo, na África do Sul e percorro por todos contentes que viajei nessas horas. E chego a realizar a viaja dos sonhos para Austrália, aventura por concretizar. Então fico preso apenas a contemplar a minha singularidade nas telas.




MA- Fale um pouco das memórias que guarda da terra mãe!

MH - Olha, Moçambique é onde nasce tudo. Lembrar minha infância na presente era, na nova luz reaviva o aprendizado que recebi na meninice. Deixar que o outro viva os gostos, as escolhas e suas ambições é a forma de manter paz que fui ensinado pelos meus pais. Por isso respeito a religião que cada um decide professar, crenças que foi ensinado a seguir. Haviam momentos que saímos pelas ruas a brigar e cada um devia se defender por si. Um momento sublime e ridículo, com vivências típicas e particulares. Noites de apreciar o escuro, de andar pelas ruas da cidade, conversar com amigos. De Quelimane para Maputo e de Moçambique para Portugal quando os meus pais se mudaram para terras dos meus avós paternos, sãos muitas memórias.




M- Passam anos viajando pela diáspora. Quais são as suas fortes influências culturais?

MH - Eu sou uma mistura de moçambicanidade. Nossa terra e nossa cultura é maior riqueza tão importante de valor inestimável. Ela é de valor indestrutível. Meus pais sempre assumiram valores dos nossos ancestrais, os africanos de raízes, eis a razão que minha filha Madalena de 12 anos de idade, mesmo tendo sido nascida e residindo em Lisboa tem identidade cultural moçambicana. Até anda a mexer "nádega" a uma zambeziana. E quando lhe perguntam: de onde vem? onde está? para onde vai? Responde em uma só vez - Moçambique. Apesar da nossa sociedade ter sido sequestrada pela civilização, existem pessoas enraizadas na africanicidade.




MA - Qual é o instrumento musical que gosta de usar?

MH - A voz. De todos os instrumentos musicais que usei, a voz está no topo da lista dos instrumentos vitais do meu viver. Na Alemanha, na escola de Frankfurt, ensinaram-me que precisamos de ter instrumentos como um laboratório e acima de tudo saber rentabilizar o tempo para aprimorar seu uso. Apesar de não gostar de escutar minha voz por repetidas vezes devido ao tom que recebo em retorno, amo mexer nela.




MA - Que voz ideal que gostaria de ouvir saindo das suas cordas vocais?

MH - O tom grave, ao timbre de um macho, estilo meu pai.


MA - O que gosta de ver e ouvir que eleva a sua alma?

MH - A tropicalidade da Zambézia, o estilo típico de fazer música. O estilo de música de Zé Pires, Nelton Miranda, Arnaldo Miranda é uma raridade. A música clássica, o som de Mozart, as misturas instrumentistas, o teatro, a ópera, bandas sonoras, jazz, abrem em mim um horizonte indescritível.



segunda-feira, 7 de setembro de 2020

AZ Khinera vai representar Moçambique em Macau

 Terá lugar em Macau de 23 a 30 de Outubro, a semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa 2020. Este evento que juntará diversas culturas, o nosso país será representado pelo cantor e compositor Azarias Samuel, mais conhecido por AZ Khinera.
AZ Khinera  
Para o artista, trata-se de um momento único na sua carreira e agradece a todos que directa ou indiretamente tudo fazem para que o seu trabalho seja reconhecido no país e além fronteiras.

 "É uma honra poder fazer parte de um evento de tamanha dimensão. É uma oportunidade única para divulgar o meu trabalho musical e tudo farei para corresponder às expectativas de todos e fazer soar alto o nome da minha Cidade, província e do país em geral", disse Khinera no encontro que manteve com a Ministra da Cultura e Turismo, Edelvina Materula.

Por sua vez a peloura da pasta da cultura, que recebeu o cantor em seu gabinete, enalteceu o trabalho do artista tendo se comprometido a apoia-lo como instituição. "O Ministério tudo fará para que todos os artistas do Rovuma ao Maputo, tenham as mesmas oportunidades e, quiçá, oportunidades semelhantes aos mundialmente renomados. O artista moçambicano tem potencial". Disse a Ministra.
Materula mostrou a sua satisfação por ter sido identificado um artista do norte do país, se pronunciando nos seguintes termos,  "este facto mostra que há talento em todo o país e é missão do governo, em parceria com outras entidades, explorar essas potencialidades e colocar os artistas além-fronteiras, elevando o nome do país. Todos os artistas gozam dos mesmos direitos e mesmas oportunidades".
Importa sublinhar que devido a situação da pandemia da Covid-19 o evento Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa será realizado inteiramente através das plataformas digitais. 

Breve Biografia do AZ Khinera 

Khinera masceu em Pemba na província de Cabo Delgado. Seus géneros musicais divagam na kizomba, R&B e Afro. Começa  a cantar ainda novo na "Igreja Assembleia de Deus Internacional", onde pertencia ao grupo dominical das crianças e posteriormente o da juventude.
Desde cedo participou em pequenos concursos realizados no seu bairro, cantava em festas familiares e na vizinhança.
Formou um grupo musical denominado "BCD", no qual faziam parte outros dois membros da cidade de pemba. Em 2008 começou o projecto "ANJOS" onde fez dupla com o cantor Fapel, tendo saído desta junção  a gravação de um disco em "Dar-es-Salaam"  (Tanzânia) com o lançamento na Cidade de Pemba. 
 O CD não fez sucesso,  o mesmo não superou as expectativas dos dois artistas. Contudo, a viagem a Tanzânia serviu para troca de impressões com músicos de renome e colaborar com alguns artistas daquele país  vizinho, dando assim maior visibilidade a sua carreira principalmente na zona norte do país.
 Em "2009" AZ  participa do reality musical "Fama show". Cinco anos depois (2014) participa do "Desafio Total", ambos (reality) organizados pela STV. 
No Desafio Total fez parte dos finalistas conquistando dessa forma a admiração e o respeito do público, dos jurados daquela edição, se tornando dessa forma numa revelação da música moçambicana. 
 As música "Cansei" e "Minha Diva", foram muito bem recebidas pelo público, o que de certa contribuiu para que Khinera participasse da "6° Edição" do "Festival do Zuok" em 2017.