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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Paulina Chiziane: "Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro"

A escritora moçambicana, Paulina Chiziane vence o Prémio Camões 2021.Trata-se do maior galardão literário dos países da Língua Portuguesa. Chiziane é a primeira mulher moçambicana a ganhar o prémio.

A vasta produção literária e receção crítica, o reconhecimento institucional da sua obra, fez com que o júri decidisse por unanimidade atribuir o prémio.

Nas suas obras Paulina Chiziane dá maior ênfase aos problemas da mulher moçambicana e africana, e este facto também concorreu para a decisão do júri.

Depois da distinção, a autora de Niketche disse a Agência Lusa que o Prémio recebido serve para valorizar o papel das mulheres numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado. 

"Afinal a mulher tem uma alma grande e tem uma grande mensagem para dar ao mundo. Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro", sublinhou Chiziane.

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Atualmente, vive e trabalha na Zambézia.  Possui uma vasta obra como, " Ventos do Apocalipse", "Balada do amor ao Vento", O Sétimo Juramento", "As Andorinhas", "Ngoma Yethu", entre outras.

Importa sublinhar que o primeiro moçambicano a vencer o Camões, foi o poeta José Craveirinha em 1991. Depois seguiu-se o escritor Mia Couto em 2013, dessa forma a escritora torna-se a primeira mulher moçambicana a receber este galardão.


segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Gonçalves Gonçalo é o Grande Vencedor do Moz Slam 2021

A terceira edição do maior evento de batalha de poesia falada do país, teve seu cair do pano na noite deste sábado 9 de outubro, com os bilhetes esgotados e, a sala do Centro Cultural Franco-Moçambicano cheio de luz e amantes da poesia e das artes.

Cada poeta participante tinha seu estilo, desde os mais calmos aos mais atrozes, apesar das diferenças entre eles, algo os tornava unos, a palavra. O Moz Slam é uma ferramenta da palavra, não importa o tema, o poeta explora a guerra, o amor, o abandono, a igualdade de género, as mulheres, o Slam é um campo de expressão de sentimentos sem nenhuma discriminação.

No Centro Cultural foi assim, os poetas finalistas desfilaram a sua classe com grande categoria, mente quem diz, que em Moçambique não temos poetas e declamadores, certamente que a pessoa que profere tais impróprios nunca assistiu uma final do Moz Slam.

Como toda noite tem um rei, desta vez a coroa caiu sobre a cabeça do poeta Gonçalves Gonçalo, que sagrou-se o grande vencedor desta edição, e como prémio vai representar o país no campeonato mundial de poesia Falada em Paris. Na lista dos campeões entram também, Ema de Jesus que ficou em segundo lugar e Denise Fazenda, em terceiro lugar, com esta vitória elas se colocam na rota da poesia internacional.

O vencedor do primeiro lugar Gonçalves Gonçalo, usou as suas redes sociais para manifestar o seu sentimento ao prémio recebido. "Tenho a dizer que as nossas caminhadas, as que terminam com grandes conquistas, as que se fazem memoráveis porque foram conseguidas em meio a turbulências, elas nem se fazem sem o apoio moral e incondicional dos que querem o nosso sucesso e brilho", escreveu Gonçalo no seu Facebook.

E porque a persistência é uma das chaves para o sucesso, Gonçalves Gonçalo confessou não ser a primeira vez que participa, tendo tentado noutras edições. "A conquista deste prémio tem um significado especial para mim, era esta a terceira vez em que participava, todas as anteriores experiências foram importantes para conseguir triunfar, mas as pessoas que me motivaram a continuar, essas merecem um agradecimento especial", lê-se.

Na mesma senda, o esposo da poesia, como ele mesmo se designa, agradeceu a todos que lhe ajudaram a conquistar essa edição do Moz Slam, apesar do ganho Gonçalo sublinha que,  "É uma conquista suada, conseguida contra adversários com um potencial extraordinário, adversários que me ensinaram muito do que levarei. Um corpo de jurados que fez a análise sempre meticulosa, que me ajudou a ponderar". 

Denise Fazenda igualmente usou suas redes sociais para exprimir sua satisfação quanto ao lugar de pódio alcançado."Deus é bom o tempo todo, e o tempo todo Deus é bom. Eu sou a poesia que escrevo.  Moz Slam- Campeonato Moçambicano de Poesia Falada, grata estou pela oportunidade. É uma honra estar no pódio com estes grandes poetas  Ema Da Lucia Albino e Gonçalves Gonçalo", lê-se no Facebook da Fazenda.

Seja a poesia que há em si, assim Fazenda aconselha a todos e finaliza dizendo "representar Moçambique na Etiópia será uma honra". 

Além dos 11 participantes (eram 12, mas umas das participantes desistiu), o evento contou com a presença de convidados como: Rage, Lorna Zita, Fu da Siderurgia e Beauty  Sitoe.

Importa realçar que o Moz Slam é organizado pela Palavra & Palavras Eventos e, dinamizado pelo produtor cultural Hamilton Chambela. Desde que começou em 2018, o evento já colocou poetas moçambicanos em palcos internacionais, na França, Brasil, Zimbábue entre outros países, são alguns, Lúcia Tite, Lorna Zita Ivandro Sigaval, João Nguenha entre outros poetas.


Conheça mais Gonçalves Gonçalo aqui

Conheça o perfil dos finalistas que participaram da final







Mia Couto lança "O Caçador de Elefantes Invisíveis"

O escritor Mia Couto, lança nesta quarta-feira, 13 de Outubro pelas 18 horas, na Fundação Fernando Leite Couto a sua mais recente obra denominada "O Caçador de Elefantes Invisíveis".

De Crónicas para contos, é assim que podemos resumir este novo livro de Mia Couto. Ela nasce de um processo de reescrita, Mia Couto com o seu jeito poético de ver o mundo, transforma as crónicas que publicara na revista Visão, numa colaboração regular com mais de dois anos, em contos.

Em "O Caçador de Elefantes Invisíveis" residem textos que narram a actualidade do nosso mundo. A pandemia, o drama da guerra em Cabo-Delgado, as peripécias que poderiam ter acontecido numa vila, no interior de uma reserva florestal, ou num bairro qualquer em Moçambique.

Todos os contos se inscrevem no modo poético com que Mia Couto nos habituou a olhar o mundo e a humanidade. São estas histórias que aqui se reúnem neste livro cuja ilustração da capa é da autoria de Susa Monteiro, a mesma autora que ilustrou os contos originais da Visão.