Páginas

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Biblioteca Nacional de Moçambique completa 59 anos de história

A Biblioteca Nacional de Moçambique  (BNM) completa 59 anos, a mesma foi criada através do diploma legislativo nr°
 2116 de Agosto de 1961.

Edifício da Biblioteca Nacional de Moçambique 
A BNM é uma instituição pública cultural, tutelada pela Ministra superintende a área da Cultura e tem como foco, investigar, conservar  e preservar o património bibliográfico, bem como divulgar o espólio documental produzido no país, em todos os suportes.

No âmbito dos seus trabalhos a BNM proporciona aos seus visitantes, leitura pública, consulta e investigação, leituras explicadas, conferências e outras acções que têm em vista a divulgação da cultura moçambicana.

Em termos de acervo, a BNM conta nas suas prateleiras  com 39.764 (trinta e nove mil e setecentos e sessenta e quatro) obras, das quais 30.103 (trinta mil e cento e três) pertencem a colecção geral, 6.960 (seis mil e novecentos e sessenta) à moçambicana e 2.701 (dois mil setecentos e um) à preservação.

Localizada na Baixa da Cidade de Maputo, avenida 25 de Setembro, a Biblioteca Nacional de Moçambique, apesar de ter sido reabilitada, ainda guarda o traço arquitectónico original e é considerada património nacional.

Breve história 

O edifício onde funciona a BNM foi projectado em 1904, pelo arquitecto Mário Veiga,  construído pelo engenheiro H. Barahona, tendo sido inaugurado pelo ministro da Marinha e Ultramar Manoel Raphael Corjão e o governador- geral da província de Moçambique, Thomaz António Garcia Rosado.
A ideia dessa construção era albergar a Repartição da Fazenda. E só em 1961 o imóvel fora transformado em biblioteca. 
A BNM surge da necessidade  do governo colonial ter uma biblioteca que carregasse a chancela de "nacional", na capital provincial ultramarina Lourenço Marques (actual Maputo). A BNM servia como um depósito legal de toda a produção literária portuguesa.
O governo português procurava um imóvel que pudesse servir de espaço para biblioteca, foi daí que a BNM foi instalada provisoriamente no edifício da Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade, e de lá permaneceu até os dias actuais. 

Desde a criação,  BNM não possuía um estatuto específico que definisse as suas competências. Só em 1992 é que se reconhece a importância das bibliotecas na elevação de conhecimentos gerais, técnicos e científicos da sociedade e foi aprovado o Estatuto Orgânico daquela instituição pelo Diploma Ministerial nº 103/92 de 22 de Julho, que permite assumir a coordenação do Sistema de Bibliotecas Públicas.



  

sábado, 22 de agosto de 2020

Ernesto Moamba: "Minha poesia é de resgate da nossa cultura e tradição"

 Ernesto Moamba, é um jovem escritor e poeta moçambicano. Apesar de ser um artista em ascensão, o seu livro "Liberta-te Mãe África" já se encontra traduzido em quatro idiomas, e tem no currículo mais duas obras que circulam nas bibliotecas do mundo. Se não fosse escritor, seria artista plástico, mas quis o destino que Moamba desenhasse imagens em forma de palavras, ele sonha que a sua escrita sirva de terapia para os seus leitores, a sua escrita divaga pela liberdade e no resgate da cultura e tradição africana. 

Ernesto Moamba
Massala Arte (MA): Quem é Ernesto Moamba?
Ernesto Moamba (EM): É um jovem poeta e escritor moçambicano, nascido e residente na Cidade de Maputo num dos bairros mais destacados culturalmente, mas também temidos, ( risos ).

MA: Como foi a sua infância?
EM : ora, a minha infância foi igual como de outras crianças que também faziam parte da minha geração, embora para além de ter crescido no seio da família, nunca tive assim uma vida de príncipe, aquela rodeada de tudo que sempre quis. Passei a maior parte junto aos meus avós paternos no campo, lá no distrito da Manhiça, onde fora o carinho e afecto dos meus queridos avós também passei por momentos entulhados de revolta devido as condições que as vezes tinha de encarar. Mas hoje digo com todas palavras que estes momentos valeram apenas para minha formação, tanto como escritor assim como leitor.

MA: Como entra na literatura ?
EM: Para começar acho a questão uma autêntica provocação, mas respondendo os motivos são vários, aliás  um entulho. Tudo começa quando percebo que mesmo depois de tanta luta para o alcance da independência em alguns paises africanos e em especial no nosso país, o ocidente ainda guardava algum rancor e obsessão pelo nosso continente, que sugiro ser exemplo de uma resistência.

MA: Com quantos anos escreveu o seu primeiro texto. E de quê falava?
EM: Sinceramente, caso a memória não me escape em 2007 ou 2008. Na altura escrevia mais crónicas do que poesia e o meu primeiro texto falava da discriminação que a África até hoje é imposta.

MA: Quais os escritores moçambicanos que mais admira (podes dizer alguns internacionais).
EM: No fundo gosto e acompanho o trabalho quase de todos escribas moçambicanos sem retórica nenhuma. E quanto aos internacionais, os que destaco são: Kafka, Cruz e Souza, Conceição Evaristo, Rimbaud, entre outros.

MA: Se tivesse uma oportunidade para escrever uma obra literária com alguém. Quem escolheria?
EM: Sinceramente, com Deus! sou leitor assíduo deste Senhor. considero melhor escritor.

MA:  Se fosse para dar uma definição da sua poesia. Qual daria?
EM: Tenho dito que a minha poesia é de resgate da nossa cultura e tradição, que pelado anda esquecido neste continente.

MA: Qual é o teu maior sonho?
EM: Sou da idéia de que não existe maior sonho, porque todos são. O que para mim é maior é uma conquista. E o que tanto quero é fazer com que a minha escrita sirva de terapia.

MA: Na sua opinião como é que a arte pode servir de terapia neste período de distanciamento social?
EM:  Penso que esta questão é muito dispersa  no verdadeiro sentido da coisa,  mas se os artistas apostarem nos seus feitos é certo que podem usar e  transformar numa arma de grande porte.

MA: Quantos livros têm publicado? 
EM:  Tenho até então três livros publicados e duas antologias que assino como organizador.

MA: Se não fosse poeta e escritor, que outra arte escolheria?
EM: Artista plástico. Desde a infância gostava de desenhar e pintar.

MA: Quais são os teus projectos para o futuro?
EM:  Fazer Lançamento dos meus livros, que ainda não foram lançados cá em Moçambique por motivos da pandemia.

MA:  Como você se define como poeta e escritor?
EM:   Olha, não custumo responder isto por simples facto de ainda me considerar um embrião. Acho que ainda sou tão pequeno para me definir poeta ou escritor, confesso.

MA:   O que significa ser africano para ti 
EM: Ora ser africano para mim significa viver de acordo com os princípios da tradição, respeitando sempre os costumes e seus hábitos.

MA: Quando foi lançada a sua obra Liberta-te Mãe África, e está traduzida em quantas línguas?
 EM: O Liberta-te Mãe África foi lançado em 2016, no Brasil e Moçambique oficialmente. E graças a Deus encontra-se traduzido em  quatro línguas ( Português, Inglês, Espanhol e agora Italiano).


MA:  O que te faz ser o Ernesto Moamba que é Hoje?
EM:  Acredito que seja a missão que tenho com a literatura.

MA: Além de Liberta-te Mãe África, quais são as outras obras que tem publicado?
EM: Coelho fugitivo, Editora Folheando ( infanto juvenil), Liberáte Madre África, Editora Torcaza, O Continente e outras vozes silenciadas, Editora Folheando, Brasil.

MA: Depois da Covid-19, o que acha que vai mudar nas artes, principalmente na literatura?
EM:  Quero acreditar que tudo, mas principalmente a forma como os fazedores da literatura olham para o mundo da escrita ou seja, vamos verificar muitas melhorias no exercicio literário.
Para mim, este é o momento crucial para ler, escrever e fazer as pesquisas, no entanto o resultado será um pico e produtivo.



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Cinemas e teatros podem abrir em Setembro

 Depois da abertura das salas de exposições de arte, obedecendo as regras de higiene e segurança contra Covid-19. Cinemas e teatros também podem abrir a partir de 1 de Setembro, segundo o informe do Presidente da República, Felipe Nyusi feita a nação nesta quarta-feira 5 de Agosto.
Segundo Nyusi, a abertura destes espaços, que são considerados de médio risco se dará na segunda fase da retoma das actividades no país, que será a 1 de Setembro.
Importa referenciar que os trabalhos artístico-culturais no país estão parados desde Março, neste sentido muitos artistas foram obrigados a se reinventar, recorrendo a concertos e apresentações on-line. Além dos artistas, as casas de pasto e centros culturais também recorrem as "lives" para cumprir com a agenda das suas actividades culturais.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Bathist DMC lança a EP "1 MC Perdido em Maputo"

O jovem artista Bathist DMC, já tem disponível a sua mais recente "EP" (extended play) com o tema "1 MC Perdido em Maputo. O disco, que está a ser vendido nas plataformas virtuais é composto por sete faixas musicais, com títulos como, "Tá impossível trabalhar", "Knock out lírico", "O Caso Amade Abubacar", "1 MC Perdido em Maputo, entre outros.
Segundo o autor desta obra musical, O título da "EP" (1 MC Perdido em Maputo), traduz no sentimento do próprio artista, que não se sente ainda afirmado na arena do Hip-Hop nacional. "Mas dentro de mim, sei que ainda tenho muito que dar e contribuir, me encontro perdido e preciso ser descoberto", afirmou DMC.
António Magaia, seu nome de baptismo, acrescentou ainda que com está EP espera contribuir para a transformação da mentalidade das pessoas, "pretendo me afirmar como MC e oferecer um produto de qualidade aos moçambicanos e, me inserir no mercado de venda digital de música".

A EP teve a produção de nomes como, X Ghoust, Amand TBMK, Freakin Genius, G Moses. As gravações foram feitas em dois estúdios, "três faixas foram gravadas na "Jamaican Studio" e quatro na "B Record Studio".
Importa referir que Bathist DMC, na pele de António Magaia é escritor, roteirista, formado em Tecnologias e Sistemas de Informação pela Universidade São Tomás de Moçambique.



Cinco poemas de Orlando Mendes para celebrar seus 104 anos de idade

O escritor e poeta moçambicano, Orlando Marques de Almeida Mendes nasceu a 4 de Agosto de 1916, na ilha de Moçambique. 
Licenciou-se em biologia pela Universidade de Coimbra, onde trabalhou como assistente de botânica. De volta a Moçambique, foi fitopatologista e actuou no Ministério da Agricultura como pesquisador de medicina tradicional.
Orlando Mendes
Estreou na literatura sob a influência do neo-realismo e do movimento "Presença". Promoveu a literatura moçambicana, à frente da Associação dos Escritores de Moçambique e também com seu trabalho de editor.

Ganhou o Prêmio Fialho de Almeida, o prêmio dos Jogos Florais da Universidade de Coimbra (1946) e o Prêmio de Poesia no concurso literário da Câmara Municipal de Lourenço Marques.
Produziu uma vasta obra literária, como Trajectória (1940), Portagem (1966), Um minuto de Silêncio (1970), A Fome das Larvas (1975), Papá Operário mais Seis Histórias (1983), Sobre Literatura Moçambicana (1982), entre outros. Em 1990, Orlando Mendes faleceu em Maputo, com 74 anos de idade.


I
Não, mas

Não fome nem sede nem cio
nem desejo de aventura
não o grito que percutiu
contra o medo que vos mura

não regras nuvens que adensam
e deslizam para o mar
não chuva implorada bênção
sobre a terra de semear

não a mão febril que deslavra
sofismado túnel da sua
liberdade. Mas a palavra

que se catapulta da rua
e nos sonos profundos lavra
como fogo que não recua.

II
Manhã

Quando a verde savana
é uma bandeira húmida batida pelo sol
as corolas se abrem lentamente
como tem de ser

esvoaçam cintilantes abelhas
e sugam o néctar essencial
e levam o pólen a outras flores
como tem de ser.

Toca cherila na machamba
e mufana não responde à chamada
três vezes repetida
como tem de ser

parte a descobrir flores abertas
e de corpo envolto na bandeira verde
o rosto agudo irradia luz
e os olhos incendeiam a manhã
porque o sol não queima epidermes da sua cor
como também tem de ser.

III
Juventude 

É no tempo dos explícitos cantares
à luz do dia e na escuridão da noite
até uma explosiva prova de acção.


É o tempo das dúvidas inconfessáveis
os cigarros ardendo e o café já frio
e o rosto impassível atrás do jornal
contra a devassa de anônimos vigilantes.

É o tempo dos assaltos ao trânsito
imaginando as máscaras arrancadas
e a beleza de a riqueza como seriam
se não coexistissem incólumes com
ignorância e miséria e violência.

É o tempo da solidão entre as gentes
e de solitário sentir a multidão na savana.

É o tempo de não ter fé e crer ainda
na dádiva total por um beijo de amor
e pela sinceridade dum aperto de mão.

É também o tempo de receber-transmitir
uma secreta raiva chamada esperança.

Tempo que o pudor adulto faz caducar.

IV
Exortação 

"Jovem, se tens exercícios de literatura
escritos há mais de um mês, destrói-os.
Rasga-os ou queima-os de preferência
(consta ser universalmente mais ortodoxo)
e se a chama te chamuscar unhas e pele
e as sujar a cinza, não queixes a dor
e lava-te. Destrói-os. Guarda-os todavia
fiéis na memória, palavra por palavra,
para que possas transmiti-los a um amigo
quando depois do venal acto de amor
forem também vender a irresistível suspeita
da tua voz trémula e dos teus outros actos.
Mas não deixes de escrever. Peço-te que não."

V
Dedicatória

Aos poetas que pensam e dizem versos
mas não os sabem escrever
e por isso anónimos lhes chamam.
Nas rochas corroídas pelo sal de outros mares
navegados para implantar espada cruz e poder
nas rochas onde o luar desnuda o silêncio
pulsando canções da noite assim povoada
e que o sol inflama e semeia
sobre as efémeras gostas de cacimba
renovadas com cintilações das estrelas,
aí eu gravarei seus nomes.
E os amantes pressentindo
os hão-de perguntar e saudar. 



"Lucky Dube" o artista que lutou pela liberdade através do reggae

Lucky Dube, já veio actuar várias vezes em Moçambique era considerado num plano igual a de Bob Marley – um dos grandes artistas de reggae que cantou os problemas sociais. Foi também uma das vozes mais críticas do regime do apartheid, que pontificou no seu país de 1948 a 1990, ao ponto de ver temas seus serem banidos das rádios sul-africanas. Como a música  “freedom fighter” (combatente da liberdade), que durante a época do apartheid denunciava o sistema.
Lucky Dube
Lucky Dube nasceu no dia 3 de Agosto de 1964, em Ermelo, na África do Sul. Com 9 anos de idade, foi escolhido como assistente da biblioteca de sua escola. O desejo de aprender sobre o resto do mundo e sobre a história da África do Sul fez com que ele entrasse para o mundo da Literatura. Familiarizou-se com a filosofia Rastafari através de uma enciclopédia. Logo depois, conheceu o Reggae, que muito tinha a ver com o Rastafarianismo. O interesse em ler e adquirir conhecimento foi crescendo dentro dele.

Lucky Dube trabalhava para poder comprar os discos de Peter Tosh (que era, na ocasião, os únicos álbuns de Reggae disponíveis na África do Sul). Ainda na época do colégio, montou sua primeira banda - O Skyway Band. O talento de Lucky logo chamou a atenção do produtor Richard Siluma, que era seu parente. Richard sabia que o potencial de Lucky Dube era alto e que valeria a pena investir no talento do rapaz.

Em 1979, Lucky direcionou sua carreira como um cantor de mbaganga e junto com os membros do "Future Slaves" - Thutukani Cele e Chris Dlamini, gravou um álbum em 1982, já como membros da banda "The Love Brothers" intitulado Mbaganga. Nos próximos 3 anos, Lucky Dube lançou um álbum solo chamado "Lengane Ngeyetha" que trazia o seu primeiro single, diga-se de passagem, um grande sucesso. Na sequência, lançou mais três álbuns, dando continuidade à sua música brilhante. A maior influência de Lucky Dube era Peter Tosh. E, até a voz do africano é muito semelhante a de Peter, mas a única coisa que Lucky não absorveu em suas mensagens é a ganja (maconha).

E diz: "A mensagem que ele passava era muito boa para mim, mas eu não fumo ganja, porém a música de Peter Tosh realmente, eu sempre gostei muito. Foi ele que me colocou no Reggae." Durante o ano de 1985, sem o conhecimento de sua gravadora, Teal Records, Lucky e Richard entraram em estúdio para gravar "Rastas Never Die" - o primeiro disco de reggae gravado na África do Sul. Devido à situação política e à censura do governo (Apartheid) que controlava a mídia, o disco não foi longe. E ainda por cima, foi proibido imediatamente. O álbum ganhou consciência mas não vendeu bem. Em 1986, Lucky gravou o seu segundo álbum de reggae, "Think About The Children". E foi justamente nessa época que a banda de apoio de Lucky Dube começou a se concretizar.

No ano de 1987, é lançado o terceiro álbum, "Slave" - onde ele desponta grandes hits como "I've Got You Babe", "Slave", e "Back To My Roots". Com a banda "The Slaves", ele fez espetáculos enormes em Johannesburg para multidões de mais de 50.000 pessoas. Em 1988, devido a demanda popular, o disco "Rastas Never Die" foi relançado. Lucky embarcou na sua primeira viagem internacional para promover o álbum "Slave". No ano de 1988, foi lançado o disco "Together As One".

Disco esse que trouxe, na faixa-título, uma letra baseada na situação da África do Sul. A letra pedia a união e a harmonia racial entre negros e brancos da África do Sul. Lucky cai na estrada novamente e se apresenta para multidões de mais de 65.000 expectadores. Em 1989, ele embarca em uma série de espetáculos na França. A partir daí, Lucky, merecidamente se estabelece como um artista de grande renome internacional. Este ano também deu a Lucky Dube a chance para gravar no filme "Voice In The Dark". Em 1989 também foi o ano que lançou o álbum "Prisoner", que dentro de cinco dias, faturou disco de platina duplo. Em 1990 fez espetáculos na África, num desses shows, levou 80.000 pessoas.

Em 1991 Lucky foi para os Estados Unidos e fez uma apresentação histórica no palco do mais famoso festival de Reggae do mundo - o "Reggae Sunsplash Festival", na Jamaica - a primeira vez que se realizou um grande sonho de um artista da África do Sul. A turnê seguiu para a Austrália, Japão e Gana. "Prisoner" foi o álbum mais vendido de Lucky Dube. Foram registradas 1.000.000 de cópias vendidas em todo o mundo. O álbum ao vivo ""Captured Live" rendeu disco de platina.

Lucky Dube venceu o concurso de "Melhor Vocalista do Ano" no prêmio anual OKTV da África do Sul. "House of Exile" foi lançada (também uma bela homenagem ao libertário Nelson Mandela) e levou Lucky ao primeiro festival de Reggae da África do Sul, o "Reggae Strong For Peace", mais tarde transformado em disco e vídeo. Outros discos de Lucky Dube: "Serious Reggae Business", "The Way It Is", "Taxman", "Victims", "Trinity" e o mais recente trabalho "Soul Taker".
Lucky Dube morreu assassinado em 18 de Outubro de 2007, na altura ele tinha apenas 43 anos de idade, se estivesse vivo nesse ano (2020) completaria 56 anos de idade.

Fonte
Last.fm


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Poetisa moçambicana Lúcia Tite fica em primeiro lugar na Batalha de Poesia Slam Viral que juntou sete países de Língua Portuguesa

A Poetisa e declamadora moçambicana Lúcia Tite, ganhou o primeiro lugar na Batalha de Poesia Falada, Slam Viral. 
O evento juntou declamadores e poetas de sete países de expressão portuguesa, como, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Portugal e Brasil, onde cada país era representado por dois artistas, no caso de Moçambique, por Ivandro Sigaval e Lúcia Tite.


A  Batalha dos poetas aconteceu por via Zoom e foi transmitida em directo no Facebooķ, deste confronto Moçambique, em nome da Lúcia Tite obteve a primeira colocação e amealhou o prémio de  300,00 Reais (moeda brasileira) o que equivale à 3.970,63 Meticais. 
Além desta bonificação o projeto brasileiro Interestadual que surgiu integralmente no contexto digital (Slam Viral), Vai publicar  uma obra com os poemas dos finalistas de todas as edições, totalizando quatro edições já realizadas.
Os outros lugares de pódio couberam a angolana Nzola Kuzedíua, que ficou em segundo lugar, a brasileira Matriarcak como a terceira colocada e a poetisa angolana Sankofa Poetisa com a quarta posição, respectivamente. 


domingo, 2 de agosto de 2020

Figuras da Nossa Arte: "Malangatana" o catador de bolas de tênis que se transformou no ícone da cultura moçambicana

 Malangatana Valente Ngwenha nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, à 6 de Junho de 1936. Frequentou a Escola Primária em Matalana e posteriormente na Cidade de Lourenço Marques (Agora Maputo) onde frequentou os primeiros anos na Escola Industrial.
Foi pastor, agricultor, aprendiz de curandeiro e catador de bolas em um clube de tênis. E foi neste universo de "bolas" onde conhecera o biólogo português Augusto Cabral, que o ajudou a trihar seus primeiros passos na arte.

Em 1958, ingressou no Núcleo de Arte, com o apoio do pintor Zé Júlio. Já em 1959, mostrou a sua arte publicamente, pela primeira vez, numa exposição colectiva, passando a artista profissional graças ao arquitecto Pancho Guedes, através da cedência de um espaço onde pôde criar o seu atelier, e, da aquisição mensal de dois quadros. 

Malangatana Valente Ngwenha
Aos 25 anos (1961), Malangatana fez a sua primeira exposição individual no Banco Nacional Ultramarino. Dois anos depois (1963), publicou alguns dos seus poemas no jornal "Orfeu Negro" e foi incluído na "Antologia da Poesia Moderna Africana".
A obra de Malangatana é marcada pelas pinceladas fortes, cores vibrantes, que retratam a vida dos moçambicanos com expressividade e sentimento. Os rostos sofridos pela opressão colonial e pela guerra de libertação correm pelas galerias do mundo. Por causa da descrição que Malangatana fazia da opressão colonial nas suas telas, foi preso pela PIDE (Polícia Colonial Portuguesa), o pintor passou um ano e meio nas instalações da temida e violenta Pide, que reprimia os movimentos pró-independência nas então-colónias portuguesas, entre 1945 e 1969.

Em 1971 ganhou uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Trabalhou em gravura na Gravura - Sociedade Cooperativa dos Gravores Portugueses, e em cerâmica na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte. Como presidente dirigiu a Associação do Centro Cultural de Matalana e Presidente da Assembleia Geral de Kulungwana - Associação para o Desenvolvimento Cultural.
Foi Nomeado “Artista da Paz” pela Unesco. Malangatana deixou grandes murais que decoram vários prédios em Maputo, como, por exemplo, o hall de entrada do Ministério do Interior e as paredes externas do Museu de História Natural.

Recebeu em 2010 o título de "Doutor Honoris Causa" pela Universidade de Évora, recebeu uma condecoração pelo governo francês, de "Comendador das Artes e Letras".
Malangatana foi também um dos poucos estrangeiros nomeados como membros honorários da Academia de Artes da RDA.
Em Junho de 2016 a Escola Básica N.º 3 de Alcoitão, no Bairro da Cruz Vermelha, na freguesia de Alcabideche do concelho de Cascais (Portugal), foi rebatizada com o seu nome.
Malangatana foi galardoado com a medalha Nachingwea, pela sua contribuição para a cultura moçambicana, investido a 16 de fevereiro de 1995 Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Depois da independência, em 1990 foi eleito deputado, pela Frelimo.  Em1998 pela Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003. Participou em acções de alfabetização e na organização das aldeias comunais na Província de Nampula. Foi um dos fundadores do "Movimento Moçambicano para a Paz" e fez parte dos "Artistas do Mundo contra o Apartheid".

Além de Moçambique, Malangatana Valente Ngwenha têm suas obras e fez  exposições,  em Portugal, na Alemanha, Áustria e Bulgária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Unidos, Índia. Têm murais em Maputo e na Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas também em países como a Suécia ou a Colômbia. 
O pintor e poeta perdeu a vida em 5 de Janeiro 2011,  no Hospital Pedro Hispano em Matosinhos (Portugal).
.

Lalah Mahigo prepara o álbum Ku Tikuma e disponibiliza música Ndza Nandzika nas lojas digitais

A Musica "Dza Nandzika" da intérprete, compositora e cantora moçambicana Lalah Mahigo já se encontra  disponivel nas lojas de distribuição da música digital.

Lalah Mahigo (foto do Facebook)
Carla Manuel Luís, conhecida no panorama musical com Lalah Mahigo, deu seus primeiros passos na igreja Congregacional Unida de Moçambique, num grupo que lá existia.
A voz de Mahigo navega pelo Jazz, Afro, Música Popular Brasileira (MPB) e música tradicional. Já partilhou o palco com grandes nomes da música moçambicana como: Banda Kakana, Stewart Sukuma, Xixel Langa, Isabel Novela, entre outros.

Lalah Mahigo participou dos concursos de música "Super Tardes e Desafio Total, ambos organizados pela STV. Venceu o concurso de música da universidade Pedagógica de Maputo.
A música "Dza Nandzica" de Mahigo teve como compositor D'Manyissa e, já está disponível nas lojas de distribuição de música digital.

"Vamos Voar" de Mr.Bow nomeado para o Angola Music Awards

O músico moçambicano Salvador Pedro Maiaze, conhecido no panorama artístico com Mr. Bow, foi nomeado com a música "Vamos Voar" para o Angola Music Awards (AMA). 
Mr.Bow (imagem do Facebook Mr.Bow Oficial)
Bow chegou a Maputo, vindo da Província de Gaza, distrito de Manjacaze no remoto ano de 2001 para realizar seu sonho de cantar e, desde que chegou a cidade das acácias entre desafios e dificuldades nunca mais parou. O resultado da determinação de Bow não tardou, o exemplo disso são os sucessos musicais que o cantor vem colecionando ao longo da sua carreira. Destes sucessos podemos destacar as músicas "Guilhermina", "Meu Assunto", "Não me Arranje problema", "Tsovani Miningue" e, mais recentemente "Xikwembo Rhivalela", uma música que faz alusão ao período crítico (Covid-19) que estamos a viver actualmente.

A música "Vamos Voar", como o próprio nome sugere voou alto e chegou em terras angolanas e se instalou na lista do AMA. Por essa nomeação que representa todo o povo e Cultura moçambicana, Mr. Bow escreveu na sua conta oficial do Facebook "Mais uma razão para acreditarmos no nosso potencial. Fomos nomeados para representar a bandeira moçambicana no Angola Music Awards com a música "Vamos Voar".

A música foi nomeada para a categoria "Melhor Música dos Palop Tocada em Angola em 2019. Vale lembrar que Mr. Bow desde que iniciou sua carreira, já ganhou diversos prémios como, Mozambique Music Awards, Ngoma Moçambique, Gala VibraToques  e Africa Entreteniment Awards USA.

sábado, 1 de agosto de 2020

Morre aos 76 anos o realizador Britânico Alan Parker

Morreu Alan Parker, realizador britânico, autor de clássicos como o "Expresso da Meia-Noite", "Evita", "Pink Floyd - The Wall", "The Commitments" e a série dos anos 80, "Fame".
Realizador, produtor, escritor e actor, Parker tinha 76 anos. A sua morte foi anunciada pela família nesta sexta-feira 31 de julho. Parker também dirigiu a adaptação cinematográfica de "Ashes of Angela", best-seller do escritor americano-irlandês Frank McCourt. 
Alan Parker
Nascido em Londres em 14 de fevereiro de 1944, em 1985, ganhou o prêmio do Grande Júri no Festival de Cannes por seu filme  "Birdy".
Alan ganhou também dez Oscars, dez Globos de Ouro e 19 British Academy Film Awards por seus filmes. Foi igualmente cavaleiro da rainha Elizabeth II em 2002 por suas realizações na indústria cinematográfica. Parker esteve envolvido na indústria cinematográfica britânica e foi presidente do British Film Institute e do UK Film Council.