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sexta-feira, 31 de julho de 2020

Lentes de Ricardo Rangel exaltam mulher moçambicana

Muitos já diziam que um verdadeiro artista nunca morre, ou morre o artista e ficam as suas obras. Este pensamento pode se reflectir no Ricardo Rangel e a sua arte fotográfica. Ele morreu em 2009, no entanto Rangel através das imagens que foi captando ao longo da sua vida, hoje é lembrado.

Ricardo Rangel 
Considerado o pai do fotojornalismo moçambicano, Rangel tinha um estilo característico de fotografar, suas fotos descreviam os desmandos coloniais, a vida nocturna nos cafés e bares. O decano da fotografia moçambicana, também fotografava as mulheres da nossa terra, e, são essas (mulheres) que de 31 de Julho a 31 de Agosto estarão  expostas na galeria do Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA).
Mas do que fazer ressurgir a imagem de Rangel, a exposição tem como principal objectivo homenagear as mulheres moçambicanas.
A ideia é mostrar o percurso "delas" captadas pelas lentes de Rangel,  desde a era colonial até a um passado mais recente.
E porque estamos no período da pandemia da Covid-19, todas as visitas físicas à exposição serão feitas obedecendo as regras de higiene e segurança estabelecidas pelo CCMA.

Sahara: um poema de N`wantsukunyani Khanyisane

Sahara
N'wantsukunyani Khanyisane
O meu corpo solitário
Brotou numa noite de ermo
Tão fria de junho.

Meu corpo desértico
É tão lindo 
como a noite escura 
Cheia de brilho
da lua cheia, e das estrelas.

Desde a nascença
Não me sinto só
Estou com o Ermo
Não me sinto na sofrença
No peito não tenho dó.

Oh diz-me, que deserto fica só?
Ah digo-te, com o ermo não estou só.

Ninguém se quer um
Nenhum ser  algum
Toca as dunas de Sahara.

Todos não tem culpa
de não haver nenhuma gota de água
Que lubrifique lábios
no deserto 
Nem mesmo os camelos tem
Água só têm 
quando cai chuva de mihloti
Nos céus, olhos de Sahara.

Moçambique participa do Slam Lusófono de poesia

Lúcia Tite, vencedora da Batalha de poesia Moz Slam 2018 e, Ivandro Sigaval, vencedor do mesmo concurso em 2019, vão representar Moçambique no Slam Lusófono de  poesia, denominado "Slam Viral".
Lúcia Tite 
Lúcia Tite contou a Massala Arte, que espera se sair bem na apresentação e o nível de competitividade seja incrível. "A minha expectativa é que eu e Ivandro possamos dar o nosso máximo", disse Tite.
Para Lúcia, que também usa o pseudônimo de " A Poetisa Revoltada", o Slam Viral servirá como um espaço de intercâmbio, pois espera aprender com os poetas dos outros países, a forma com eles escrevem seus textos, suas histórias e seu quotidiano.
O Slam Viral, contará com a presença de sete países, todos de expressão portuguesa, nomeadamente: Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal, Cabo-Verde e Guiné-Bissau.
Ivandro Sigaval
O evento terá lugar à 2 de Agosto pelas 22 horas (hora de Moçambique), as apresentações dos poetas serão feitas pela plataforma Zoom, com transmissão em directo pelo Facebook do Slam Viral.

Instituições nacionais unem esforços para a promoção do turismo

 A Automóvel & Touring Clube Moçambique (ATCM) e a CRIATTUS Mozambique, asssinaram ontem 30 de Julho em na Cidade de Maputo um memorando de entendimento, com o objectivo de promover a plataforma de Turismo "Moçambique às 4 Rodas".

Quessanias Matsombe, Edelvina Materula e Rodrigo Rocha   
O instrumento ora rubricado pelo Presidente da ATCM, Rodrigo Rocha, e pelo Administrador da CRIATTUS Mozambique, Quessanias Matsombe, permitirá que as duas entidades reforcem acções conjuntas de comunicação para dar visibilidade ao país no estrangeiro,  tornando assim  Moçambique um destino turístico preferencial.
O acto da assinatura foi testemunhado pela Ministra da Cultura e Turismo, Edelvina Materula. Na ocasião Materula manifestou a sua satisfação pela união de esforços, tendo  afirmando que “esta parceria estratégica é valiosa porque vai permitir a vários níveis obter respostas satisfatórias para o Plano Estratégico do Governo, que dita o desenvolvimento do turismo de Moçambique no próximo quinquénio".

“Moçambique às 4 Rodas” é uma plataforma integrada de serviços de comunicação, promoção e desenvolvimento de negócios, através da divulgação de produtos e serviços de cultura e turismo nacionais, no país e no estrangeiro. A mesma congrega os mais apropriados meios e técnicas à disposição de todos intervenientes da cadeia de valor do sector, com objectivo maior de contribuir para a elevação da marca Moçambique.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Oficina "Os Olhos Deslumbrados" desafia novos escritores a recriarem Maputo

Quando  caminhamos pela rua, vemos muitas situações, presenciamos histórias e estórias que deslumbram os nossos olhos. É neste contexto que a Fundação Fernando Leite Couto desafia os novos escritores,  sejam jovens ou adultos a contarem estórias sobre lugares, personagens reais e imaginários de Maputo.

A oficina  de ficção narrativa "Os  olhos deslumbrados", segundo uma nota  publicada no Facebook da Fundação, tem como objectivo, instar o desenvolvimento da expressão escrita através da experimentação  e da exploração de materiais linguísticos, proporcionar instrumentos que instigam a observação, imaginação e o espírito crítico, bem como preservar a memória histórica e cultural da Cidade de Maputo.
Para  participar da oficina é necessário enviar um texto de género crónica, conto, novela, ou ficção sobre monumentos, espaços culturais, jardins públicos, edifícios históricos, mercados emblemáticos, bazares, figuras históricas e personagens icônicas de Maputo.
A oficina "Os olhos Deslumbrados", recebe as candidaturas até ao próximo dia 7 de Agosto de 2020, os selecionados que devem ser no máximo doze, serão conhecidos no dia 14 de Agosto.
Importa sublinhar que a oficina será ministrada pelas plataformas online e, terá como monitores, Conceição Siopa, Celso Muianga  e Sara Joana.

Filme moçambicano "Resgate" no radar de 190 países

 O filme "Resgate" do realizador moçambicano Mickey Fonseca, já se encontra na plataforma mundial de streaming  Netflix. A longa-metragem independente escrita e realizada pelo moçambicano Mickey Fonseca é o primeiro filme de um País Africano de Língua Oficial Portuguesa a ser exibido nesta plataforma, disponível em 190 países.

A produção narra história de Bruno, um jovem que depois de sair da prisão, volta ao convívio familiar, mas que no entanto um pouco tempo depois para pagar uma dívida contraída pela mãe se vê mergulhado no mundo do crime e tem de lidar com as consequências das suas escolhas. O filme também retrata a situação dos raptos  de empresários que vem acontecendo no país.

Gravação de uma das cenas
Numa entrevista concedida à DW África, Mickey Fonseca disse que espera que Moçambique valorize mais a cultura em particular o cinema, pois o facto do filme estar hoje  na Netflix provou que o "sonho era mesmo possível”.
Ainda segundo o realizador do "Resgate", falando para à DW África, "oportunidade de distribuir um filme na Netflix surgiu com muito esforço. Surgiu porque eu acredito que o mundo está interligado Acredito que todo o mundo se conhece", sublinhou Fonseca.
O realizador acrescentou que chegou a Netflix através de pessoas que conhece, "Eles viram o filme e levaram ainda um tempo para me responder. E depois voltaram a responder e a mostrar interesse. Daí para frente começámos a negociar".

Por falta de uma distribuidora,  processo de negociação foi feito pelos próprios realizadores. "Foi um processo feito por nós de seguir, de ir atrás, acreditar de que éramos capazes de meter o filme na Netflix e de conseguirmos alcançar o nosso objetivo, o nosso sonho".

Para a rodagem da longa na Netflix, a nível de investimentos extras não houve gastos por parte da produção, segundo Mickey Fonseca, "Não tivemos que fazer nenhuma produção extra. Foi mais do lado deles [Netflix] quando eles decidiram que iam ficar com o filme".
Numa primeira fase a longa ia passar em língua portuguesa, com legendas em inglês e francês, porém o realizador do "Resgate" disse que depois de verem o potencial do filme, decidiram fazer uma dobragem no Quénia para inglês, de modo que tenha maior alcance. "Mas isso foi um investimento do lado deles deles". 
Com o lançamento do Resgate, na Netflix, Mickey Fonseca espera que haja apoio por parte do governo, porque até agora o realizador lamenta não ter apoio do governo e pouca ajuda do sector privado.
Mas o entrevistado pela DW África acredita que ter um filme moçambicano na Netflix, poderá mudar a maneira com que as pessoas  olham e pensam no cinema em Moçambique. 

Importa referir que a estreia mundial do "Resgate" aconteceu a 18 de julho de 2019 em Maputo e Matola, onde esgotou salas de cinema por mais de uma vez. Foi também  exibido noutras salas moçambicanas em Nampula, Tete e Chimoio e em Portugal.

Fonte- DW África 

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Covid-19 pode comprometer a conclusão das obras de construção do Centro Cultural Moçambique-China

O Centro Cultural Moçambique-China é o primeiro e único do género em África, pela sua grandeza e complexidade tecnológica.
O mesmo vai incorporar salas de informática e multimídia; Uma biblioteca; Um anfiteatro para palestras; Galeria para exposição de obras de Arte e Artesanato; Um estúdio de gravação de música; Uma editora discográfica; Um espaço para desfile de moda; Dois parques de estacionamento respectivamente.

E foi nessa imponente infra-estrutura, localizada no Campus principal da Universidade Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo, que  a Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, efectuou uma visita de trabalho. Materula visitou os principais espaços do centro cultural, que, para além de contemplar salas de exposições e multi-uso, o edifício cultural irá dispor de quatro auditórios preparados para acolher todas as manifestações artísticas e eventos sociais.
Embora tenha se mostrado satisfeita pelo andamento das obras, a Ministra, chamou atenção para a necessidade de se construir salas adequadas, que respondam à especificidade das diferentes manifestações culturais como música, dança, teatro, cinema, artes plásticas, entre  outros. Para que tal aconteça a peloura da pasta da Cultura e Turismo, sublinhou que é preciso acautelar toda a engenharia acústica do empreendimento.
Apesar dos avanços já conseguidos na empreitada,  pandemia da Covid-19, faz com que quatrocentos trabalhadores moçambicanos fossem despedidos, este facto poderá comprometer os prazos de conclusão, incialmente estabelecido para 2021, uma vez que as obras decorrem ao ritmo desacelerado.
O Director do Projecto, Cao Jinming, garantiu que foram assegurados todos os direitos dos trabalhadores e que logo que se retomar as obras, no "novo normal", os mesmos poderão ser reintegrados. E por sua vez Edelvina Materula assegurou que o seu Ministério está aberto em ajudar nas situações difíceis ocasionadas pela Covid-19 de modo que a infra-estruturas conheça a sua conclusão. 
"o Governo vai honrar com os seus compromissos, construir um espaço desta dimensão não é fácil, seja em Moçambique ou em qualquer parte do mundo. Queremos também contar com o Governo chinês, para a formação de Recursos Humanos para gestão deste centro, porque temos certeza de que este projecto vai dignificar o nosso País, a nível de infra-estruturas culturais", disse Materula. 
Importa referir que o empreendimento que está a ser construído em estreita cooperação entre o Governo de Moçambique e o da China. 

Figuras da nossa literatura: Virgílio de Lemos

Virgílio de Lemos nasceu à 29 de Novembro de1929, na Ilha do Ibo, (Ibo é uma pequena ilha coralina localizada próximo da costa da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique).
Cresceu e estudou entre Lourenço Marques e Joanesburgo. Lemos é uma das figuras fundamentais da poesia moçambicana, ao lado de Rui Knopfli e José Craveirinha. Fundador da revista de poesia "Msaho" em 1952, que simboliza a ruptura com a literatura colonial. No seu primeiro número figuram Noémia de Sousa, Reinaldo Ferreira e Alberto Lacerda. A sua obra conta poemas, contos e crónicas, e um estudo sobre o "barroco estético" na literatura de Moçambique. Ele teve uma parte activa na vida política e na resistência ao regime colonial entre 1958 e 1963, altura em que opta pelo exílio em França. O seu livro de poesia, Para fazer um mar, editado pelo Instituto Camões foi lançado a 31 de Maio 2001 na Feira do Livro de Lisboa, com prefácio de Luís Carlos Patraquim.
O poeta é considerado um dos vanguardistas da lírica moçambicana, com uma poesia atenta às injustiças sociais e à repressão colonial. Foi preso pela PIDE, viu a obra apreendida e viveu exilado em Paris, mas sempre defendeu a independência de Moçambique 
Quando foi libertado, depois de ficar dois anos preso decidiu sair de Moçambique. Viajou pelo Oceano Índico, pela Grécia e pela América Central, fixando-se em Paris, em 1963, onde foi jornalista do canal de televisão TF1.
Numa escrita poética fragmentária, sintética, com imagens surrealistas e numa dimensão cósmica, Virgílio de Lemos, aborda sobretudo as temáticas do onirismo, da liberdade de desejos, das problemáticas existências, do erotismo enquanto actividade lúdica. O lirismo de Virgílio não desprezou no entanto, a crítica às injustiças sociais e a repressão colonial.
O poeta foi dos raros moçambicanos a deixar-se influenciar pela poesia inglesa de Whitman, Shakespeare, Osborne, e também pela poesia francesa de Rimbaud, Baudelaire, Verlaine, Michel Leris e St. John Perse.
De referir, ainda, que Virgílio de Lemos criou três heterónimos que se destacam entre si: Lee-Li Yang, pelo seu erotismo; Duarte Galvão, pelo seu engajamento, e Bruno dos Reis, pela sua poesia geracional.
Poemas do Tempo Presente (1960) – obra apreendida pela PIDE, L’Obscene Pensée d’Alice (1989), Ilha de Moçambique: a língua é o exílio do que sonhas (1999), Negra Azul (1999) e Eroticus Mozambicanus (1999) são obras de Virgílio de Lemos. ‘A dimensão do desejo’, que integra poemas de evocação a Reinaldo Ferreira, editado em 2012, foi o último livro do poeta. Virgílio de Lemos faleceu em 2013 aos 84 anos, na sua casa nos arredores de Paris.

I
A Ilha e o Segredo


Visão

colada à bruma

no infinito ponho

do rosto do eterno

a transparência Persa negro e branco

cabaias e cofiós

de seda e linho,

em pontilhado, aurora

minha utopia que sangra.



Nos mármores róseos

da fortaleza

tua consciência, livre

recria o nada.



(1952)



m’siros na menstruação

dos ventos

no desafiar das pedras

e corais,

nos desventrados barcos

és nova equação

índica, swahili,

das bocas de fome

e afiados punhais

de prata.






sábado, 25 de julho de 2020

Seis poemas de Bocage

Considerado por muitos autores como o mais completo poeta do século XVIII, Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal, à 15 de Setembro de 1765. Filho do advogado José Luís Soares de Barbosa e de Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, ambos descendentes da região da Normandia.
Bocage era um dos seis filhos do casal e, como previsto, teve uma boa educação, estudando línguas (francês, latim, italiano) e literaturas.

O poeta apresentava um comportamento inquieto, aventureiro e polêmico, e mais tarde chegou a ter uma vida boêmia.

Na infância passou por momentos difíceis, uma vez que seu pai foi preso quando tinha apenas seis anos, e ficou órfão de mãe, aos 10 anos.

Fez parte do exército e da marinha portuguesa. Viajou para o Brasil, África, China e, na Índia, e exerceu o posto de guarda-marinha. Em 1790, retorna à Lisboa, iniciando sua vida literária, para a qual se dedicou até o resto de seus dias.

Nesse mesmo ano, participou das Arcádias, denominadas as associações literárias da época, para a qual foi convidado, e aderiu à "Academia das Belas Letras", ou "Nova Arcádia".

Foi um dos mais influentes poetas portugueses, donde adota o pseudônimo Elmano Sadino. Foi perseguido e preso pela Inquisição, de forma que satirizou a Igreja e o poder clerical. Nesse momento, sua obra reflete tendências pré-românticas.

Faleceu em Lisboa, dia 21 de Dezembro de 1805, vítima de aneurisma. Na casa onde arrendava e vivia com sua irmã, no Bairro Alto, em Lisboa, localizada na Travessa André Valente, n.º 25, possui uma lápide dedicada ao poeta: “Aos 21 de Dezembro de 1805 faleceu nesta casa o poeta Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage”.


I
Soneto da dama a cagar

Cagando estava a dama mais formosa,
E nunca se viu cu de tanta alvura;
Porém ver cagar a formosura
Mete nojo à vontade mais gulosa!

Ela a massa expulsou fedentinosa
Com algum custo, porque estava dura;
Uma carta de amor de limpadura
Serviu àquela parte malcheirosa;

Ora mandem à moça mais bonita
Um escrito de amor que lisonjeiro
Afetos move, corações incita;

Para o ir ver servir de reposteiro
 À porta, onde o fedor, e a trampa habita,
Do sombrio palácio do alcatreiro! (rabo)

II
Soneto da Puta Novata

Dizendo que a costura não dá nada,
Que não sabe servir quem foi senhora,
A impulsos da paixão fornicadora
Sobe da alcoviteira a moça a escada.

Os seus desejos lhe pinta a malfadada,
E a tabaquanta velha sedutora (envolta em tabaco)
Diz-lhe: "Veio menina, em bela hora,
Que essas que tenho, já não ganham nada".

Matricula-se aqui a tal pateta,
Em punhetas e fodas se industria,
Enquanto a mestra lhe não rifa a greta. (vende)

Chega, por fim, o fornicário dia;
 Dentro em pouco a menina de muleta
Passeia do hospital na enfermaria.

III
Soneto do Padre Patife 

Aquele semiclerigo patife,
Se eu no mundo fizesse ainda apostas,
Apostava contigo que nas costas
Um grande Pico tem Tenerife.

Célebre traste! É justo que se rife; (vende, leiloe)
Eu também pronto estou, se disso gostas;
Não haja mais perguntas, nem respostas;
Venha, antes que algum taful o bife. (janota o apanhe)

Parece hermafrodita o corcovado;
Pela rachada parte [que apeteço]
Parece que emprenhou, pois anda opado! (engravidou)

Mas desta errada opinião me desço;
Pois traz a criança no costado,
Deve ter emprenhado pelo rabo.


IV
 Soneto do Caralho potente

Porripotente herói, que uma cadeira
Susténs na ponta do caralho teso,
Pondo-lhe em cima mais por contrapeso
A capa de baetão da alcoviteira. (tecido grosso)

O teu caso é como o ramo da palmeira,
Que mais se eleva, quando tem mais peso;
Se o não conservas açaimado e preso,
É capaz de foder Lisboa inteira!

Que forças tens no hórrido marsapo, (caralho)
Que assentando a disforme cachamorra
Deixa conas e cus feitos num trapo!

Quem ao ver-te o tesão há não discorra
 Que tu não podes ser senão Priapo, (Deus grego da fertilidade)
Ou tens um guindaste em vez de porra? (piça; pénis)

V
Soneto Asqueroso

Piolhos cria o cabelo mais dourado;
Branca remela o olho mais vistoso;
Pelo nariz do rosto mais formoso
O monco se divisa pendurado.

Pela boca do rosto mais corado
Hálito sai, às vezes bem asqueroso;
A mais nevada mão sempre é forçoso
Que da sua dona o cu tenha tocado.

Ao pé dele a melhor natura mora,
Que deitando no mês podre gordura,
Fétido mijo lança a qualquer hora.

O cu mais alvo caga merda pura;
 Pois se é isto o que tanto se namora,
Em ti mijo, em ti cago, ó formosura!


VI
Soneto de todas as putas

Não lamentes, ó Nize, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado;

Dido foi puta, e puta de um soldado;
Cleópatra por puta alcançou a coroa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado: (cona)

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que ainda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil piças expirou vaidosa;

Todas no mundo dão a sua greta;
Não fiques pois, ó Nize, duvidosa
Que isso de virgem e honra é tudo peta.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

"NADA É COMO FOI" um concurso fotográfico sobre o Estado de Emergência organizado pela Kulungwana

"NADA É COMO FOI", é o título do concurso fotográfico organizado pela Associação Kulungwana, o mesmo surge no âmbito Do Estado de Emergência e da Covid-19 que o mundo todo hoje enfrenta. Com o surgimento da pandemia o nosso país decretou o Estado de Emergência, o "NADA É COMO FOI", será o recinto onde os fotógrafos moçambicanos e estrangeiros, residentes em Moçambique, poderão captar de forma criativa imagens que retratam as consequências, bem como o impacto desta nova forma de estar no futuro.
                 

Dentre vários objectivos, este concurso pretende contribuir na documentação e registo do  impacto das medidas de emergência decretadas no país, sensibilizar as pessoas para importância de seguir as regras de higiene colectivas e individuais, despertar a curiosidade do público sobre os efeitos a longo prazo e prováveis  mudanças sociais.
Além de prémios monetários para os três primeiros lugares, os trabalhos seleccionados serão objectos de  uma exposição fotográfica on-line e na Galeria Kulungwana.